- 09/08/2023
- Comunicação
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Aqui você encontra uma relação de todas as obras lançadas pela Anpocs em conjunto com editoras parceiras. Os livros estão organizados em ordem alfabética de título.
(Imagem: Drazen Zigic/iStock.com)
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Este livro aborda as formas de administração de justiça no conurbano bonaerense, na Argentina, em especial as relativas ao processo de investigação e julgamento dos crimes. Busca identificar, nos casos específicos aqui relatados, como os agentes judiciais, a partir de suas histórias de vida, de suas ideologias profissionais e políticas, de suas posições institucionais e sociais, interagem com as narrativas e histórias de vida das pessoas envolvidas, com a natureza dos conflitos, com os outros agentes profissionais e com as normas legais, a fim de orientar a investigação, construir e interpretar as “provas” e tomar as decisões correspondentes.
Dessa forma, busca-se dar conta da relação entre a administração de justiça e as possíveis moralidades e interesses que informam sua prática. As questões tratadas neste trabalho são abordadas por meio de diversas histórias e personagens; dos relatos dos agentes judiciais, policiais e advogados e dos casos por alguns deles tratados e por mim observados. Na sua narração se apresentam duas questões centrais: como o “bairro” participa como um ator do processo de investigação e como essa participação está fundada na “crença” dos agentes judiciais nas provas por eles produzidas.
ISBN 978-85-64806-47-4
Autores: Lúcia Eilbaum
Editoria: São Paulo: Anpocs, Hucitec Editora
Edição: 2012
Número de páginas: 448
Este livro é resultado do Concurso Anpocs – Fundação Ford de Melhores Trabalhos sobre a Constituição de 1988 – Edição 2009. O concurso faz parte de um projeto de cooperação entre as duas entidades, iniciado em 2008 com uma série de atividades, inclusive esse Concurso. A Anpocs publica aqui os oitos trabalhos premiados. Todos eles discutem diferentes aspectos do tema tais como: a análise da estrutura conceitual da Constituição e suas implicações na dinâmica da produção legislativa; a análise constitucional comparada; o acompanhamento da implementação de novos direitos; e reflexões sobre o processo político mesmo que levou à elaboração da atual Carta. Com a publicação de mais este livro, a Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) reitera seu compromisso de continuar fomentando a reflexão rigorosa sobre esse tema tão candente da vida social e política de nosso país, tema que aliás é pauta de seus fóruns de discussão desde os anos inaugurais de sua existência como um dos grandes pólos agregadores da inteligência nacional. (Organizadores).
ISBN 978-85-7970-002-6
Autores: Maria Alice Rezende de Carvalho, Cícero Araújo e Júlio Assis Simões (orgs.); Alexandre Barbosa Fraga… (et al)
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild
Edição: 2009
Número de páginas: 273
O resultado do livro é um conjunto de ricos textos em que destacados cientistas sociais analisam nossa atual Constituição sob seu ângulo de especialidade, mostrando ao leitor as implicações que ela tem no cotidiano. É interessante como o Supremo Tribunal Federal, que é uma corte constitucional, está cada vez mais no foco das atenções da sociedade brasileira. Ele tem se debruçado sobre questões candentes como pesquisa com embriões humanos, terras indígenas, políticas de ações afirmativas. Esses temas são centrais hoje em dia e estão na mídia e nos debates cotidianos. A discussão de sua constitucionalidade significa que o Brasil está se dando conta que sua Constituição é um texto jurídico da maior importância para a vida de todos nós. A ANPOCS não poderia se furtar a esse debate. (Organizadores).
ISBN 978-85-60438-82-2
Autores: Ruben George Oliven, Marcelo Ridenti e Gildo Marçal Brandão (orgs.)- Fernando Limongi… (et al)..
Edição: 2008
Número de páginas: 400
A tese de Ana Maria Fernandes é muito minuciosa e bem documentada, abordando em seu texto temas de grande relevância, como a mudança na “qualidade orgânica” dos cientistas no Brasil, a concepção da SBPC sobre a ciência, as relações entre ciência e Estado, mudanças no Estado e na sociedade no Brasil após 1964, a transição de 1973 a 1976 — com referência especial às reuniões anuais desse período —, as alterações entre 1977 e 1980 e a definição do “novo caminho” — independência da SBPC e participação dos cientistas no processo de tomada de decisão…
A autora analisa a formação, os objetivos, o papel e as tendências da SBPC, salientando que sua primeira campanha consistiu na defesa do cientista e da ciência, assim como no combate ao poder político ilimitado e intervencionista.
Conseguiu a sociedade estabelecer sua autonomia perante a sociedade civil e o Estado, apesar de ser amplamente amparada financeiramente por este.
A seguir, Ana Maria examina dois casos extremos de intervenção militar em instituições acadêmicas (a crise da Universidade de Brasília e o chamado “massacre de Manguinhos”) e a condenação da SBPC ao regime repressivo, ao mesmo tempo que registra o entusiasmo desta pelo aumento do orçamento federal para a ciência e pela instituição da política científica. Salienta ainda que a entrada das ciências humanas na sociedade lhe trouxe mais amplo público e a levou a adotar papel mais crítico.
A terceira seção trata da quebra do que a autora chama de “período de colaboração” e do papel da SBPC no processo de democratização nacional, quando ela se transforma em “importante fórum de debate”. Nesse período a organização realçou sua independência em relação ao Estado e robusteceu suas ligações com a sociedade civil. Ao mesmo tempo, surgiram tentativas para definir um novo papel para a SBPC como associação profissional e política.
Como conclusão geral, a autora afirma que o fortalecimento do papel da SBPC não assegurou, todavia, a solução dos problemas da ciência e dos cientistas no Brasil, dadas as características do país e a exclusão dos cientistas do processo de tomada de decisão…
Em suma, o trabalho da professora Fernandes constitui preciosa contribuição à compreensão da ciência no Brasil e ao papel que a SBPC tem desempenhado.
O capítulo final, de conclusões, é visão abrangente e ponderada dessa realidade, refletindo com precisão as crises que a sociedade enfrentou em sua luta pelo progresso da ciência e pela democratização do país.
Cabe-nos acrescentar que, nessa trajetória, muito se conquistou no que se refere à mobilização dos cientistas e a sua influência em muitas decisões políticas. Sua voz tem hoje muito maior ressonância nas classes dirigentes e no púbico.
José Reis
Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo.
Autor: Ana Maria Fernandes
ISBN:
Editora: ANPOCS, Editora Universidade de Brasília, CNPq
Edição: 1990
Número de páginas: 292
O livro de Gilberto Hochman nos oferece um belo exemplo da possibilidade de combinar pesquisa histórica e raciocínio teórico sociológico. Enquanto alguns autores voltaram nos anos recentes a disputar se a miséria é da história ou da teoria, ele aposta antes na riqueza de explorar ambas perspectivas. Assim, ao mesmo tempo que nos esclarece sobre um processo singular que é a implantação de uma política nacional de saúde no Brasil da Primeira República, Hochman sugere uma interpretação teórica original e estimulante.
Partindo do modelo proposto por De Swaan para explicar a coletivização de saúde, educação e previdência social na Europa Ocidental, A Era do Saneamento avança na discussão sobre a interação entre ideias e interesses na vida da sociedade em geral e da brasileira em particular. O leitor descobrirá logo que para o autor estudar o sanitarismo é não apenas compreender a dimensão mais expressiva de uma ideologia profissional, mas uma maneira rica de trazer novas luzes sobre o processo de constituição do Estado-nação no Brasil.
Elisa Pereira Reis
IFCS/UFRJ, Presidente da Anpocs
Autor: Gilberto Hochman
ISBN: 85.271.450-4
Editora: ANPOCS, Editora Hucitec
Edição:
Número de páginas: 261
Pequenas cidades podem, pela caneta de um autor, tornar-se imensas. Esse é o caso de Poços de Caldas, estação balneária sul-mineira, na qual Stelio Marras apresenta o embate entre um mundo rústico e a humanidade dos costumes e da ciência.
O protagonista desse embate são as águas sulfurosas, para as quais confluem diretamente personagens – romeiros e ex-votos, coronéis e políticos, médicos e elites mundanas. As águas que curam e fundam a cidade irão, com efeito, ditar tanto a sua ascensão em tempos belle époque, como a sua queda, em tempos de farmacoterapia e migração do mundanismo para outras searas. As águas enfraquecem. Devido à sua escrita engenhosa e original, A propósito de águas virtuosas não cabe em fórmulas restritas. Com a minúcia de uma monografia antropológica, passa do parentesco à política, e desta à cosmologia, sob o rigor de uma análise histórica e sociológica que atravessa três séculos e enfrenta a mudança social, capturando a modernização em seus diferentes matizes. Ensaístico a literário, este livro devolve as ciências sociais um pulsar intelectual há muito perdido. É um reencontro com a melhor tradição do pensamento brasileiro.
ISBN 85-7475-015-8
Autores: Stelio Marras.
Editoria: Belo Horizonte: Anpocs, Editora UFMG
Edição: 2004
Número de páginas: 479
UMA CRISE DE ESPERANÇA
É com alegria e entusiasmo que apresento este instigante trabalho de Ana Maria Doimo. Alegria, por ver um tema de real interesse para a democracia em nosso país — a participação política dos setores populares — ser tratado com tamanha seriedade e competência. Entusiasmo, porque vem preencher uma lacuna de que os movimentos populares se ressentem, pois lhes faltam os elementos necessários para entender a própria crise como condição para superá-la e para resolver os impasses que enfrentam hoje.
A vez e a voz do popular- Movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70 fez jus ao prêmio da ANPOCS como “a melhor tese do ano” de 1994: é de fato uma inestimável contribuição para compreender a rica e complexa experiência vivida pelos movimentos sociais populares entre os anos 1974 e 1990, analisando profunda e criticamente o chamado “processo movimentalis-ta” e estabelecendo as diferenças entre movimentos sociais em geral e “movimento popular” a partir da experiência concreta que este movimento viveu no período.
No seu exaustivo trabalho de pesquisa a autora constata, com clareza e de forma isenta, os acertos e equívocos desses movimentos, destacando suas “virtudes” e “ambiguidades”, ao mesmo tempo que desmistifica e revê o conceito de movimento social, desvelando o caráter ambíguo que adquire em determinadas conjunturas.
Além da abordagem conceitual que compreende a primeira parte deste livro, na segunda parte é analisada a ascensão e a crise do “movimento popular”, com base em estudo sobre a evolução de cinco dos principais movimentos reivindicativos da época: custo de vida, moradia, desemprego, saúde e transporte coletivo.
A obra demonstra, ainda, que o ciclo reivindicativo pelo qual passaram os movimentos se desdobrou para além do período autoritário, integrando-se ao processo sócio-político, tendo contribuído, inclusive, para a organização política dos setores populares como a criação do Partido dos Trabalhadores, da Central dos Movimentos Populares e da Associação Brasileira de ONG(s). A introdução de critérios mais racionais e competitivos na luta social em torno de direitos e na busca de resultados concretos, colocou, segundo a autora, novas e complexas exigências para os movimentos sociais, levando-os à atual situação de crise. Esta, entretanto, tende a ser superada à medida que esses movimentos se lançam na conquista de novos mecanismos institucionais de participação direta e na defesa e ampliação dos seus direitos sociais. Por tudo isto, conclui-se que este livro chega em boa hora e que poderá ser uma fonte de inspiração e estímulo para os movimentos sociais na sua procura de novos caminhos para a ação articuladora da participação de amplas camadas da sociedade, excluídas em todos os sentidos, mas, sobretudo, dos espaços de participação política. O Brasil, como os demais países do mundo, vive, neste final de sécul
o, uma profunda crise e esta é antes de tudo uma crise de esperança. E o trabalho de Ana Maria Doimo representa uma contribuição valiosa na busca de saídas para essa crise ao reforçar nossa crença na força do povo consciente, organizado e mobilizado em defesa dos seus direitos como sujeito político e protagonista da sua própria história.
Luiza Erundina de Souza
Este não é apenas mais um livro que se soma à bibliografia sobre movimentos sociais.
É o resultado de um longo e sério trabalho que deu base a uma tese aprovada com distinção e que oferece uma visão abrangente e inovadora da participação popular e dos movimentos sociais no Brasil entre meados das décadas de70 e 90.
Enfocando os processos de mudança e considerando um amplo conjunto de movimentos sociais, a autora analisa as condições e transformações entre sociedade civil e Estado e identifica claramente os mecanismos pelos quais estes movimentos foram construídos. O estudo inova, especialmente, porque procura descobrir o complexo processo de interação institucional que dá suporte à eclosão e à expansão destas manifestações. Inova, ainda, quando põe a nu o campo ético-político que se estrutura como resultado desta interação.
A contribuição que traz este livro é fundamental para se compreender a mobilização da sociedade brasileira nos últimos vinte anos. Ele representa o esforço teórico e a experiência participativa da autora nos processos que descreve com maestria.
Ruth Corrêa Leite Cardoso
Autor: Ana Maria Doimo
ISBN: 85-7316-038-1
Editora: ANPOCS, Relume Dumará
Edição: 1995
Número de páginas:
Este livro é a primeira análise em profundidade da vida social e religiosa de um povo Tupi-Guarani contemporâneo, os Araweté do médio Xingu (Pará). O autor viveu onze meses entre eles; aprendendo sua língua e participando de seu cotidiano, tentou apreender as questões que fundam a cosmologia, a filosofia social e a concepção da pessoa humana subjacentes a esta cultura, uma das poucas que segue resistindo com inteireza à predação civilizatória da Amazónia.
Indo além da descrição e interpretação etnográficas, entretanto, o trabalho organiza um vasto horizonte comparativo, situando os Araweté na paisagem cultural Tupi-Guarani (que, por sua vez, é consolidada de modo teoricamente renovado) e no continente sul-americano. Problemas centrais da antropologia são retomados e discutidos à luz da etnologia sul-americana, área que vem conhecendo nos últimos anos um radical salto qualitativo, colocando-a na vanguarda da cena conceitual e crítica da antropologia.
A partir de um aspecto sui generis do conceito Araweté da divindade – o canibalismo —, Eduardo Viveiros de Castro elabora uma nova interpretação do complexo Tupi-Guarani da antropofagia ritual, mostrando como ele funda e exprime uma teoria da pessoa, uma ontologia social e uma concepção de temporalidade radicalmente diversas das representações usuais sobre a “sociedade primitiva”. As fontes quinhentistas sobre os Tupinambá do litoral brasileiro recebem uma significação inesperada, ao serem confrontadas com os fatos Araweté; resgatados do folclore “tupinológico” e do imaginário ocidental, os Tupi e sua antropofagia encontram seu lugar de direito na antropologia contemporânea, como portadores de uma visão de mundo complexa, trágica e dinâmica, capaz de fundar uma sociedade surpreendente, em sua abertura radical para a exterioridade e o devir.
Este trabalho foi premiado como a melhor tese de doutorado no I Concurso de Teses Universitárias e Obras Científicas promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). O júri foi integrado pelos professores Ruth Cardoso, Mário Brockman Machado, Roque de Barros Laraia e Francisco Iglésias, que decidiram por unanimidade premiar a obra de Eduardo Viveiros de Castro.
Autor: Eduardo Batalha Viveiros de Castro
ISBN: 85-85061-48-0
Editora: ANPOCS, Jorge Zahar Ed.
Edição: 1986
Número de páginas:
Que a ideia de realizar e produzir este livro tenha sido meramente concebida já é fato bastante revelador. Reflete o rápido crescimento de um novo campo de estudo cujas raízes se encontram em diversas disciplinas das ciências sociais, mas cuja origem reflete uma das questões mais urgentes da atualidade, qual seja, a crise resultante do aumento das taxas de violência e criminalidade, bem como a incapacidade dos sistemas judiciários e de segurança pública em lidar com a situação de forma adequada e com respeito à pessoa humana. Este livro constitui uma radiografia arqueológica desse novo campo. Explora, com cada entrevistado, a origem de seu interesse no assunto, as raízes intelectuais que influenciaram e informaram esse interesse, assim como a trajetória que levou cada um desses estudiosos pioneiros a contribuir e influenciar esse campo. (Elizabeth Leeds).
ISBN 978-85-65102-00-1
Autores: Renato Sérgio de Lima e José Luiz Ratton (orgs.).
Editoria: São Paulo: Anpocs, Co-edição com o Instituto Ciência Hoje, Editora Barcarolla e Discurso Editorial.
Edição: 2011
Número de páginas: 304
Este livro – As Ciências Sociais na América Latina em perspectiva comparada – é o resultado do entrecruzamento de duas grandes pesquisas que abrangem um período de mais de meio século. Seu foco é a análise do processo de construção das ciências sociais em cinco países: Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai. Além dos estudos nacionais, propõe-se a investigar os processos de institucionalização das ciências sociais modernas e suas disciplinas (Antropologia, Sociologia e Ciência Política); o papel das instituições nacionais (universidades e centros privados de pesquisa), dos organismos internacionais, dos intercâmbios e dos exílios políticos. Aborda também a circulação internacional de professores, de doutores e de sua profissionalização e o papel das editoras e revistas especializadas na publicação e difusão dos temas dominantes e transversais.
Escrito por cinco especialistas latino-americanos, reúne não apenas os resultados de suas pesquisas e reflexões, cujas análises foram elaboradas por meio de uma estrutura analítica comum, com quadros explicativos de apoio para facilitar a compreensão do leitor, explorando, também, suas dimensões comparativas.
Seus autores, além de especialistas no tema, participaram dos processos de construção das ciências sociais em seus respectivos países: Hélgio Trindade (Coordenador – Brasil), Miguel Murmis (Argentina), Manuel Antonio Garretón (Chile), José Luis Reyna (México) e Gerónimo de Sierra (Uruguai).
“Os diversos estudos não se esgotam nas fronteiras nacionais e avançam para enlaçar-se no final num capítulo de índole explicitamente comparativa.”
GABRIEL COHN
Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS)
“Está-se, portanto, diante de uma obra viva e importante, o que é uma maneira de dizer sobre a atualidade e a profundidade das diversas análises encerradas nesse livro original,”
MARIA ARMINDA DO NASCIMENTO ARRUDA
Professora Titular de Sociologia na Universidade de São Paulo
Organizador: Hélgio Trindade
Autores: Gerônimo de Sierra, Manuel Antonio Garretón, Miguel Murmis e José Luis Reyna
ISBN:
Editora: UFRGS
Edição: 2007
Número de páginas:
No século XVIII, Portugal e Holanda disputaram entre si, como escravos e como parceiros de comércio, os índios da bacia do rio Branco, dos quais sobrevivem hoje os macuxi, os taurepang e os wapixana. Nessa região que se estende no que são hoje Roraima e Guiana, Portugal fez de seus aliados indígenas sua fronteira viva, suas “muralhas dos sertões”.
Usados pelas potências europeias na disputa da Amazónia, os índios também as usaram. A política indigenista e a política indígena imbricaram-se: portugueses e holandeses foram inseridos nas redes de alianças, guerra e comércio dos povos do rio Branco e serviram por sua vez os projetos indígenas. A conquista de um povo sendo também uma conquista de espaços sociais e de representações, ocuparam os lugares virtuais que lhes eram reservados no imaginário macuxi. Ocuparam-nos, mas subverteram-nos.
Essas mudanças são particularmente difíceis de serem evidenciadas quando os documentos não são produzidos pelos povos que descrevem e sim por terceiros. Para penetrar uma teia tão complexa de relações e de representações mútuas, para ler nas entrelinhas desses documentos, era necessária a rara combinação, que encontramos em Nádia Farage, de conhecimento histórico e engenho antropológico. Ela consegue escrever um livro de etno-história, no seu sentido próprio, que explicita a concepção específica que um povo tem de seus próprios processos de mudança. E, de quebra, escreve bem.
Manuela Carneiro da Cunha
Autor: Nádia Farage
ISBN:
Editora: ANPOCS, Paz e Terra
Edição: 1991
Número de páginas:
A historiografia sobre o século 19 está passando por uma grande renovação graças às dissertações e teses que vêm sendo produzidas nas universidades. Em Minas Gerias, particularmente, pesquisas recentes estão alterando a compreensão que se tinha da província. Este livro de Ivan de Andrade Vellasco contribui substancialmente para a tarefa renovadora. Seguindo pistas abertas por Patrícia Ann Aufderheide em 1976, o autor mergulha em dados sobre processo, crimes, réus, vítimas e testemunhas da antiga comarca do Rio das Mortes, garimpados nos arquivos locais. O exame dos dados revela intendo e complexo processo de interação entre a população e o sistema judiciário, que passava por um processo de reforma e consolidação. O judiciário não aparece como simples mecanismo repressor do Estado, nem como mero instrumento do poder privado. Aparece também, e de maneira significativa, como mecanismo de regulação de conflitos pessoais. Ricos e pobres; livres, forros e escravos; brancos, pardos e negros, pessoas de origem social diversa recorrem ao sistema para obter compensação por violação de direitos.
Não diferem muitos os crimes mais comumente praticados em todos os estratos sociais: homicídios, ofensas físicas, furtos e roubos. E eles se verificam, sobretudo, entre pessoas de estratos idênticos: ricos contra ricos, pobres contra pobres, escravos contra escravos. Além do uso do judiciário, os dados mostram redução da lentidão na tramitação dos processos e queda de criminalidade ao longo do século, possíveis consequências das reformas da polícia e das instituições judiciais empreendidas entre 1830 e 1875. Este trabalho, e outros semelhantes sobre o funcionamento do judiciário no século 19, têm alcance que ultrapassa o âmbito do crime e do castigo. Ajudam a esclarecer a própria natureza da relação entre o Estado que se forjava e a sociedade da época. Mostram a inadequação de abordagens dicotômicas, Estado contra sociedade, e reducionistas, tudo é Estado ou tudo é sociedade, e também da visão puramente repressora da máquina policial e judiciária. Há repressão, mas há também negociação e aproximação dos mecanismos legais pela população para fazer valer seus direitos. É um aprendizado lento e precário, mas ele existe, e seus estudo aprofunda nosso conhecimento da formação do Estado imperial. De algum modo, os novos estudos mostram o que Martins Pena já percebera em deu O Juiz de Paz na Roça. Leia-se Ivan Vellasco, releia-se Martins Pena.(Por José Murilo de Carvalho)
ISBN 85-7460-263-9
Autor: Ivan de Andrade Vellasco
Editoria:Anpocs, Edusc
Edição: 2004
Número de páginas: 330
B
A importância dos bancos e dos banqueiros na vida brasileira é evidente. Os bancos cresceram, transformaram-se em grandes conglomerados, dominam espaços urbanos privilegiados com suas luxuosas agências e, cada vez mais, estreitam vínculos com o sistema financeiro internacional. Frequentemente se envolvem em escândalos financeiros, seus balanços apresentam lucros fabulosos e a crise econômica que massacra todo o povo brasileiro parece não existir para esta pequena parcela da nossa população.
Além da influência econômica, os banqueiros podem muito mais: estão presentes na luta política, através do controle e da influência nas instâncias estatais de decisão; na participação direta e indireta na vida política-partidária e no controle sobre importantes meios de comunicação de massa. Em alguns momentos temos a impressão que no Brasil temos duas classes de pessoas: os banqueiros e os outros.
Exageros a parte é inegável, no entanto, a relevância dos serviços prestados à população pelo sistema bancário e a sua inserção, cada vez maior, no dia-a-dia do cidadão brasileiro.
O que existe de real e de fantasioso em relação ao poder dos banqueiros? Como eles se organizam para fazer prevalecer seus interesses econômicos e políticos? O que pensam e planejam? Como se relacionam com os demais empresários e com os bancários? O que ocorreu com o sistema bancário nas últimas décadas?
Estas são algumas das perguntas que Ary César Minella procura responder neste texto que a ANPOCS premiou como o melhor trabalho apresentado em 1987 na área de Ciências Sociais no Brasil e que, em co-edíçâo com a Espaço e Tempo, oferece ao público leitor brasileiro.
Autor: Ary César Minella
ISBN: 85-85114-56-8
Editora: ANPOCS, Espaço e Tempo
Edição: 1988
Número de páginas:
Este livro se insere na recente tendência mundial à reavaliação das artes no período pré-modernista, principalmente na pintura. Em muitos livros de história da arte e nas discussões sobre cultura nacional, esse momento é ignorado ou desprezado sob o epíteto de conservador, pompier ou atrasado. É claro que a referência principal é o contraste com a explosão de escolas e estilos que vêm em seguida. Salvo um ou outro precursor, os últimos naturalistas e acadêmicos são constantemente vistos como entrave ao trabalho e à consagração de artistas verdadeiramente criativos.
Reconhece-se hoje, entretanto, que esse momento foi muito mais dinâmico do que se supunha e que as interpretações sobre o rompimento moderno foram, em grande medida, elaboradas pelos próprios modernistas e ligadas à sua estratégia de auto-afirmação.
Esta obra fez uma releitura desse momento na cultura e nas artes no Brasil, através da análise da trajetória do pintor e historiador paulista Benedito Calixto de Jesus (Itanhaém, 1853 — São Paulo, 1927), que está ancorado no próprio período, e não na comparação com o que viria a lhe suceder no tempo.
Essa aproximação diferenciada revela relações e dinâmicas antes insuspeitadas, e mostra que definitivamente não se pode caracterizar a arte desse pintor como um prolongamento do que foi produzido pela Academia Imperial de Belas Artes do Rio de janeiro. Ao Contrário, se diferencia e se distancia da mesma, estando relacionada à dinâmica social e cultural da Primeira República.
Autor: Caleb Faria Alves
ISBN: 85-7460-216-7
Editora: EDUSC
Edição: 2003
Número de páginas: 344
Este livro reúne textos que, entre 1987 e 1989, foram aprovados no concurso de auxílio para pesquisas sobre processos de participação popular nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Patrocinado pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais e a Inter-American Foundation, o concurso é dirigido aos cursos de mestrado existentes nessas regiões.
Os temas centrais dos trabalhos selecionados são as transformações ocorridas no Brejo paraibano com a difusão da cultura do sisal, a formação do mercado de trabalho no Nordeste, as relações entre a Igreja progressista e o movimento camponês do Araguaia, o significado da introdução da aposentadoria no meio rural, a transição da adolescência à idade adulta num bairro pobre de Olinda e o novo cenário político e social da região do submédio São Francisco depois da construção da barragem de Sobradinho.
Segundo Francisco de Oliveira, “trata-se de artigos de pesquisadores do Norte e do Nordeste que, sem perda do rigor e pertinência da forma acadêmica (…), usam sua ciência também como forma de denúncia das desigualdades sociais e de solidariedade implícita com o destino daqueles que, em outras perspectivas, são apenas frios objetos de pesquisa”.
C
Premiado pela ANPOCS – como a melhor Tese de Doutorado 1994, o trabalho apresentado neste livro traz contribuições significativas para a compreensão do reavivamento religioso nas sociedades contemporâneas. Trata-se de um estudo dos processos de conversão e adesão ao Pentecostalismo e à Renovação Carismática Católica, com o objetivo de verificar as consequências não-intencionais da opção religiosa no mundo privado. Místicos e emocionais, esses movimentos compartilham a ideologia da igualdade espiritual, favorecendo pelo menos em princípio, a revisão dos tradicionais arranjos familiares. A verificação dessa hipótese levou ao exame da relação entre religiosidade e gênero – motivações e formas de participação de homens e mulheres –, assim como do impacto do engajamento religioso no relacionamento familiar. Identidades de gêneros, fortalecimento da auto-estima feminina, distribuição das responsabilidades, comportamento sexual e planejamento familiar são alguns dos temas que tornam este livro atraente mesmo para aqueles que se encontram além das fronteiras da Sociologia da Religião.
ISBN 85-85701-33-1
Autora: Maria das Dores Campos Machado
Editora: Campinas, SP: Autores Associados; São Paulo, SP: Anpocs
Edição: 1996
Número de páginas: 221
As cenas a que se refere o título deste livro são as da chamada guerra conjugal: agressão e espancamento de mulheres por seus maridos. O discurso queixoso das vítimas, assim como a trajetória de uma entidade feminista de apoio e conscientização, são analisados por Maria Filomena Gregori, professora de Antropologia na Unicamp, de um ponto de vista inovador e duplamente crítico.
A primeira parte da obra traça os percalços e as limitações do grupo SOS-Mulher de São Paulo, que, fundado no final de 1980, teve a duração de três anos. A autora conviveu boa parte desse tempo, de fevereiro de 1982 a julho de 1983, com as militantes do grupo, participando de reuniões gerais e plantões de atendimento a mulheres em busca de apoio e orientação, mulheres essas frequentemente agredidas por seus cônjuges. Isso lhe permitiu descrever por dentro o funcionamento do SOS-Mulher paulista e assinalar, comparando-o a organizações semelhantes na França e na Inglaterra, o quanto a ojeriza a qualquer forma de assistencialismo que o caracterizava acabou por distanciá-lo de uma prática eficaz no atendimento às vítimas de exploração e discriminação no lar, na rua ou no trabalho que o procuravam.
Já a segunda parte examina as lamentações de doze mulheres de diferentes classes sociais e em fases distintas da vida conjugal, cujos maridos as espancavam. Aqui, a crítica de Maria Filomena Gregori atinge o nervo da ferida. Pois mostra que, ao se colocarem no papel de vítimas passivas de um “outro” a quem cabe ser ou não protetor, ser ou não benevolente, as mulheres agredidas estão, de certa forma, colaborando para a sua própria perpetuação como um não-sujeito.
Para melhor fundamentar seu argumento, a autora se serve de teóricos como Georges Bataille, Simone de Beauvoir e Roland Barthes, e de escritores “marginais” como Sade e Céline, além de comparar a queixa à confissão e a violência contra a mulher a outras situações em que ela, a violência, é moeda corrente.
Autor: Maria Filomena Gregori
ISBN:
Editora: ANPOCS, Paz e Terra
Edição: 1993
Das bancas universitárias nasce um dos mais elogiados estudos sobre um enigma da nossa época: a juventude dos anos oitenta, às voltas com a modernização conservadora que esmerou-se em domesticar a rebeldia das décadas anteriores.
Helena Abramo investiga alguns dos mais importantes fenômenos de resposta juvenil à nova ordem: a trajetória de punks e darks, sua influência sobre a cultura urbana e sobre um novo discurso da juventude.
Cenas juvenis foi premiado como a melhor tese de mestrado no IX Concurso de Obras Científicas e Teses Universitárias em Ciências Sociais, realizado pela ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) em 1993.
Este livro pioneiro mostra como se estruturou, enquanto espaço social, uma região bastante peculiar: o norte de Minas Gerais.
Duas localidades atuaram como centros dinâmicos do processo: Serro e Diamantina. A primeira, sede de comarca desde 1714, abrangia largo território; a segunda, denominada inicialmente Arraial do Tijuco, veio a ser um núcleo fundamental da economia mineratória no Brasil. Ambos os lugares desempenharam papel intelectual de relevo. Ilustres viajantes estrangeiros que por ali passaram o testemunharam, às vezes com entusiasmo.
A análise se detém no fenômeno urbano — em especial no aspecto do estranhamento inerente a esse estilo de vida coletiva — dentro de um território e nos limites de um tempo muito bem delimitados. Cuida-se do século XIX.
Trata-se então de perceber as contradições escravagistas, a interferência religiosa e as flutuações da estratificação interétnica. Um aspecto a destacar, é o das tensões entre, de um lado, sucessivas fomas de um projeto liberal e, de outro, a vigência oligárquica nas duas cidades. Demonstra o estudo, significativamente, as limitações e as dificuldades do morar.
Serro e Diamantina, rivais e complementares, representam valioso legado na civilização regional, de agora em diante mais bem conhecido graças ao texto seguro e sério de José Moreira de Souza.
Autor: José Moreira de Souza
ISBN:
Editora: ANPOCS, Editora Marco Zero
Edição:
Número de páginas: 265
Entrevistas com destacados acadêmicos e intelectuais brasileiros das ciências sociais Luíz Castro Faria (1913-2004); Juarez Brandão Lopes (1925-2011); Octavio Ianni (1926-2004); Roberto Cardoso de Oliveira (1928-2006); Ruth Cardoso (1930-2008); Heleieth Saffioti (1934-2010); Carlos Estevam Martins (1934-2009); Maria do Carmo Campello de Souza (1936-2006); Silvio Coelho (1938-2008); Eduardo Kugelmas (1940-2006); Antonio Flavio Pierucci (1945-2012); Lygia Sigaud (1945-2009); Gilberto Velho (1945-2012); Gildo Marçal Brandão (1949-2010); Maria D´Alva Kinzo (1951-2008).
ISBN 9788579630903
Autores: Hélgio Trindade
Editoria: São Paulo: Anpocs, Liber Livro
Edição: 2012
Número de páginas: 366
Partindo do exame cuidadoso e aprofundado de fontes históricas e etnográficas, a autora enfoca um período, no século 19, em que numerosa população indígena “desapareceu” em Minas Gerais, assim como em todo o Brasil. O exame da história dos índios, focalizando a trajetória dos grupos denominados Botocudos, revela a implantação de um modelo “civilizador” de administração indígena que se de um lado fornece visibilidade aos mecanismos através dos quais este processo de “‘desaparecimento” foi planejado e efetivado, de outro expõe seus malogros, observáveis nas situações e práticas cotidianas nos aldeamentos.
O estudo é enriquecido pela análise de episódios como os envolvidos na revolta dos índios considerados “civilizados”, após vinte anos de catequese missionária, vistos como metáfora das relações de contradição existentes entre as forças atuantes para a integração na-cionalizadora e as que deflagraram movimentos de divisão, que lutavam para a recuperação da autonomia local.
Constitui-se obra importante que se posiciona dentro da tendência moderna e revisionista da pesquisa antropológica através da história dos índios e do indigenismo.
Autor: Izabel Missagia de Mattos
ISBN: 85-7460-249-3
Editora: ANPOCS, EDUSC
Edição: 2004
Número de páginas: 492
Encarando as ciências como produtos da pesquisa, e esta como uma modalidade de produção de novos conhecimentos científicos, pode-se reconstituir a trajetória histórica de ambas através da análise de acervos documentais abrangentes, que obviamente não se resumem apenas aos trabalhos científicos elaborados pelos próprios pesquisadores. Esses trabalhos, na verdade, constituem tão somente uma “ponta do iceberg” – isto é, a parte mais visível de um processo bem mais amplo e mais profundo. Trata-se de um processo sujeito à interação de vários tipos de fatores, desde os de natureza cognitiva (epistemológicos e metodológicos) até os de caráter político e administrativo, todos os detentores de uma importância específica.
O processo em questão é tornado inteligível por este livro, voltado para o estudo de um período crucial da história da Antropologia no Brasil, com base na documentação remanescente do antigo Conselho de fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil. Este foi um órgão do governo federal que funcionou ativa e intensamente entre 1933 e 1968, autorizando e supervisionando os trabalhos de campo dos pesquisadores estrangeiros que aqui vieram estudar nossos grupos indígenas. Figuram nos seus arquivos dossiês de brasilianistas como Charles Wagley, e de grandes expoentes da Etnologia, como Claude Lévi-Staruss e Curt Nimuendajú, cujas atividades na época são devidamente acompanhadas e analisadas, configurando uma obra de referência sobre as mesmas, e sobre o próprio desenvolvimento recente da disciplina.
Autor: Luís Donisete Benzi Grupion
ISBN: 85-271-0467-9
Editora: ANPOCS, Aderaldo & Rothschild
Edição: 1998
Número de páginas: 341
Gostaria de chamar a atenção para alguns dos pontos principais desta monografia. Antes de mais nada, Comendo como gente é uma demonstração da fecundidade da obra de Claude Lévi-Strauss, e em particular da riqueza ainda largamente inexplorada das Mythologiques. Os fatos wari’ põem em cena as categorias e problemas apontados pelo mestre francês como centrais na reflexão sócio-mitológica ameríndia. O elevado rendimento simbólico dos valores culinários (cru, cozido, fresco, podre, fermentado), a articulação entre discriminações sociológicas básicas (cognatos, afins, inimigos) e grandes oposições que diríamos cosmológicas (humanidade e animalidade, vida e morte, masculino e feminino), a presença de uma elaborada reflexão ritual sobre a alteridade e a mortalidade, e toda a vertiginosa dialética de comunicação entre o interior e o exterior do socius, eis a matéria de que é feita a experiência wari’, matéria e experiência que nos situam imediatamente no universo descortinado por Lévi-Strauss. O presente livro o confirma: o pensamento ameríndio trabalha com os instrumentos daquela “lógica das qualidades sensíveis” de que nos falam as Mithologiques, e se defronta com os problemas ali tematizados. Se o pensamento ocidental se construiu a partir da reflexão pré-socrática sobre a Substância e o Absoluto, pode-se dizer que o ameríndio escolheu a via da Qualidade e da Relação.
Autor: Aparecida Vilaça
ISBN: 85-7108-072-0
Editora: ANPOCS, Editora UFRJ
Edição: 1992
Número de páginas: 392
Capitalismo ou feudalismo? Atraso ou modernização sem mudança? Autoritarismo ou liberalismo? Racionalidade das normas ou irracionalidade dos vínculos interpessoais? O entendimento da sociedade brasileira tem sido com frequência mediado por um conjunto de pares polares. Tal forma de pensar é elucidativa mais dos limites das pesquisas por elas estruturadas, de seus alicerces teórico-políticos, do que das relações a serem descritas. São comparações implícitas sempre redivivas que nos opõem — e a um suposto mundo de origem “ibérica” — aos Estados Unidos e ao “mundo anglo-saxão”.
De fato são dicotomias capazes de, a exemplo dos diacríticos étnicos, construírem identidades contrastivas, positivadas ou não, mas principalmente encobridoras de fenômenos de maior envergadura, impensados capazes de sustentar automatismos constitutivos do cotidiano.
Sem desconhecer as especificidades histórico-culturais, a pesquisa resultante no livro de Marcos Otávio Bezerra permite ultrapassar esse tipo de apreensão mais imediata do senso comum — e do senso comum erudito — acerca da vida social brasileira. Entretanto, a partir de uma démarche construtivista, um dos temas mais polêmicos dos anos nos quais se elaborou, o livro aborda as chamadas práticas corruptas antes de tudo como objeto de conhecimento: sem paixões morais, mas também sem retóricas supostamente analíticas, nada distantes de pesadas reificações de comportamentos arraigados.
Ao produzir a corrupção como objeto de conhecimento, o livro demonstra o quanto a investida da razão é capaz de vitalidade, mesmo quando os manifestos “religiosos”, anti-cientificistas, e a crença num poder quase transcendente das imagens e na incomunicabilidade tornam-se a cada dia mais frequentes nas Ciências Humanas. O esforço de objetivação necessário ao conhecimento científico é aqui presidido pelo trabalho sobre material empírico cuidadosamente analisado, sem os traços característicos do “ensaísmo brilhante” com que o grande público muitas vezes identifica o sociólogo/antropólogo. Isto não significa, porém, estarmos longe dos processos interpretativos e do bom texto.
Retomando temas clásicos da Antropologia Social como os do parentesco, da reciprocidade nas trocas, da expressão diferencial de sentimentos e relações como os da gratidão e da amizade, o autor recoloca problemas característicos da pesquisa em Ciência Política do ponto de vista singular da Antropologia Social — aquele que insiste em ouvir a versão dos agentes concretos, seja sob forma oral, seja sob forma escrita, para então realizar sua investida sobre um universo de significados concebidos como outro. Os processos de construção de Estado, o funcionamento da burocracia, das fronteiras entre o público e o privado, a própria noção de legitimidade ganham um outro terreno para serem discutidos a partir de experiências sociais concretas, sem que se iludam problemas de maior abrangência com uma simples adjetivação: o à brasileira, comum aos “ideólogos” de nosso “sistema”, tão sem ideologias aparentes.
A coragem e o rigor de Marcos Otávio Bezerra ao enfrentar um tema que, por seu caráter quente e grande visibilidade, poderia virar denúncia fácil ou amontoado de lugares comuns, e a real demonstração de maestria em realizá-lo, mereceram o reconhecimento da corporação de cientistas sociais através do prémio de melhor dissertação de mestrado do ano, conferido em 1994 pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Trata-se aqui, enfatizo, de boa Antropologia, para além dos estereótipos com que vulgarmente se identifica esta disciplina. Um sinal da força e da relevância de um saber e de uma perspectiva que, mais uma vez, aqui se afirmam capazes de expansão sobre outros terrenos, com novas contribuições.
Autor: Marcos Otávio Bezerra
ISBN: 85-7316-039-X
Editora: ANPOCS, Relume Dumará
Edição: 1995
Número de páginas:
D
A interpretação da expressão artística é sempre um grande desafio para a Sociologia e para a História. É fácil resvalar para o óbvio ou para a perda do específico artístico e tomar a expressão simbólica como a própria realidade, a famosa e criticada atitude da “arte como exemplo’: Encontrar as conexões entre o terreno social e as expressões culturais envolve a capacidade de indagar as próprias obras para descobrir, na confluência entre externo e interno, o ponto de vista de um sujeito histórico que, sob pretextos diversos, toma para si atarefa de dizer algo sobre ser e estar no mundo. E é este desafio que Caroline Gomes Leme realiza com maestria nesta obra ao observar como se constroem a representação e a memória do período ditatorial no Brasil. Floração rara para uma dissertação de mestrado, este livro apresenta com extraordinária competência um levantamento exaustivo dos filmes realizados entre 1979 e 2009 que tiveram a ditadura militar como tema, problema, pano de fundo ou contexto histórico. Sua análise primorosa desvenda o sentido dos discursos sem perder de vista as particularidades estéticas, tomando a assertiva de Pierre Sorlin como baliza metodológica: não há receita, cada investigação deve elaborar seus próprios instrumentos de análise. Mas o leitor não há de esperar uma abordagem eclética, tão em voga nos últimos anos, pois a autora fundamenta muito claramente sua leitura em uma perspectiva crítica, mostrando que as narrativas cinematográficas fabricam- se no complexo terreno das disputas pela hegemonia da verdade histórica. Contrariar ou corroborar o discurso dominante, ou ainda construir o contra discurso, exige a consciência de que a poética é política, e é com esse enfoque que a autora observa tais obras. Escolhendo analisar os filmes lançados já no contexto da abertura política, após a revogação do Al-5, tem ainda o mérito de resgatar obras quase ignoradas, trazendo à baila algo que parece esvanecer- se na memória recente: como se vive sob um clima de violência política, tendo censura, perseguição, prisão, tortura e morte na ordem do dia. Não lhe escapam, inclusive, os mecanismos da linguagem cifrada e provocativa dos agentes culturais na tentativa de driblar os agentes da repressão, espécie de idioma que vigorou durante os anos de chumbo e reverbera em algumas obras, assim como a construção de lugares comuns sobre a ditadura e a repressão, tais como vemos em filmes mais recentes, pautados em certo naturalismo cinematográfico. Sem dúvida, é imensa a responsabilidade de ler a história através da memória artística. Mas Caroline Gomes Leme consegue realizar esse feito e ainda mostrar que nosso cinema, por precário que fosse ou seja, é fonte fundamental para traduzir aquilo que somos. Uma prerrogativa das obras de cultura que, aliás, são cada vez mais reclamadas para decifrar nossos labirintos sociais, como diria Octavio Ianni, particularmente neste tempo em que o audiovisual é uma dimensão fundamental da sociedade contemporânea, exigindo um olhar crítico cada vez mais arguto para sua decodificação. Neste sentido, Ditadura em imagem e som: trinta anos de produções cinematográficas sobre o regime militar brasileiro é um trabalho exemplar que, como poucos, consegue discutir a posição de atores e sujeitos do discurso, e no discurso, a respeito de uma das páginas mais trágicas de nossa história recente.
ISBN: 978-85-393-0461-5
Autora: Caroline Gomes Leme
Editoria: ANPOCS e Editora Unesp
Edição: 2013
Número de páginas: 321
Premiado pela ANPOCS – como a melhor Tese de Doutorado 1994, o trabalho apresentado neste livro traz contribuições significativas para a compreensão do reavivamento religioso nas sociedades contemporâneas. Trata-se de um estudo dos processos de conversão e adesão ao Pentecostalismo e à Renovação Carismática Católica, com o objetivo de verificar as consequências não-intencionais da opção religiosa no mundo privado. Místicos e emocionais, esses movimentos compartilham a ideologia da igualdade espiritual, favorecendo pelo menos em princípio, a revisão dos tradicionais arranjos familiares. A verificação dessa hipótese levou ao exame da relação entre religiosidade e gênero – motivações e formas de participação de homens e mulheres –, assim como do impacto do engajamento religioso no relacionamento familiar. Identidades de gêneros, fortalecimento da auto-estima feminina, distribuição das responsabilidades, comportamento sexual e planejamento familiar são alguns dos temas que tornam este livro atraente mesmo para aqueles que se encontram além das fronteiras da Sociologia da Religião.
ISBN 978-85-60438-34-1
Autora: Arlei Sander Damo
Editora: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2007
Número de páginas: 359
Deslocada em relação aos “centros” dinamizadores da civilização ocidental, a América Latina evoluiu cortada por dissonâncias culturais e fantasmas ideológicos. Nesse contexto, como pensar o pensamento político e a produção de ideias? Dada a expressiva influência que teve nos diferentes países da região, muito maior que a força política dos partidos que o tomaram como referência, que papel desempenhou o marxismo? Que contribuição forneceu para o conhecimento crítico da realidade latino-americana? Dialogando especificamente, mas não só, com a obra de Caio Prado Jr. e de José Carlos Mariátegui, dois dos maiores marxistas da América Latina, o livro de André Kaysel nos ajuda a decifrar tais questões. Com rara argúcia interpretativa, faz uma análise marxista do marxismo latino-americano que leva na devida conta as virtudes da recepção das ideias de Marx mas não esconde suas deficiências, manifestas seja na tendência a dissolver o universal no elogio fácil da “originalidade” da região, seja na tentação de submeter o particular aos voos cegos de um universalismo dogmaticamente concebido. Ao consubstanciar uma inédita comparação entre os dois criativos intelectuais — que usaram o marxismo como método de interpretação, não como doutrina a ser “aplicada” —, fornece-nos um panorama revelador dos dilemas do pensamento político no subcontinente.
ISBN 978-85-64806-33-7
Autores: André Kaysel
Editoria: São Paulo: Anpocs, Hucitec Editora
Edição: 2012
Número de páginas: 296
E
Gustavo Lins Ribeiro, com este livro, dá uma contribuição significativa ao campo da chamada Antropologia do Desenvolvimento e, em particular, ao estudo e compreensão destes exemplos paradigmáticos de grandes projetos que são as represas hidrelétricas.
Este é o primeiro estudo antropológico de um grande projeto desse tipo e, quase com toda certeza, também o primeiro de todo o campo das ciências sociais a não enfocar um aspecto particular dos projetos ou de seus impactos sociais e ecológicos, mas o sistema total que os mesmos conformam e que regula desde os aspectos macro das obras até o cotidiano dos indivíduos que participam ou são por elas afetados.
Não se trata, portanto, apenas de uma excelente monografia etnográfica sobre um tipo de fenômeno nada excepcional no mundo da modernidade, mas de um trabalho pioneiro na produção do marco conceituai necessário para entender o que os grandes projetos significam. O próprio conceito de grande projeto é aqui precisamente definido quanto a seus referentes conceituais e empíricos, ao mesmo tempo que se avança na proposta de uma metodologia para o seu estudo.
Para aqueles que têm se ocupado destes problemas desde a ótica das ciências, a publicação deste livro assinala um acontecimento esperado e necessário, inaugurador de um caminho que, confiamos, será seguido por outros antropólogos e cientistas sociais de outras especialidades.
Autor: Gustavo Lins Ribeiro
ISBN: 85-279-0129-3
Editora: ANPOCS, Editora Marco Zero
Edição:
Número de páginas: 189
Estrutura de classe e mobilidade social no Brasil é uma obra indispensável à compreensão de algumas das maiores contradições da estrutura social brasileira, acentuadas, principalmente, a partir da segunda metade do século 20, quando o desenvolvimento econômico possibilitou uma grande mobilidade social, sem que a desigualdade se encaminhasse para um declínio razoável, como objetivam as sociedades democráticas contemporâneas.
O desenvolvimento econômico, a desigualdade das condições de vida e a mobilidade social intergeracional brasileiros são os principais eixos deste livro, responsáveis pela sua construção e organização. A partir desses temas, os conceitos, os dados históricos, os dados estatísticos, as teorias e as metodologias dialogam, resultando num texto altamente significativo à compreensão da ordem estrutural da sociedade brasileira e à tentativa de interferir nela.
O livro está organizado em cinco capítulos que, em sequência, apresentam: o contexto em que se dá a mobilidade social, a descrição das dezesseis classes sociais utilizadas no estudo, a estrutura de classes sociais e os padrões da mobilidade social, a análise da mobilidade social das mulheres, a comparação entre a mobilidade social internacional e a brasileira. Por meio dessas reflexões, são respondidas perguntas importantíssimas à melhoria da organização social brasileira a começar pela seguinte: como pode o Brasil ser um país tão desigual e ao mesmo tempo ter tanta mobilidade social?
Autor: Carlos Antonio Costa Ribeiro
ISBN: 978-85-7460-332-2
Editora: ANPOCS, EDUSC
Edição: 2007
Número de páginas: 372
F
A posição científica de Florestan Fernandes fundamenta um modelo de produção sociológica que se institucionaliza na cadeira de Sociologia I da Faculdade de Filosofia a partir da década de 1950. Em seus desenvolvimentos, esse modelo orientará o diagnóstico e a análise do processo moderno na sociedade brasileira, edificando uma Sociologia do Brasil que se constrói como desdobramento da implantação das bases de uma Sociologia científica no Brasil.
Autoras: Maria Arminda do Nascimento Arruda e Sylvia Gemignani Garcia
ISBN:
Editora: Paralelo 15
Edição: 2003
Número de páginas: 174
G
A dívida de Gilberto Freyre para com Franz Boas é lembrada pelo autor no prefácio de sua obra Casa-grande & senzala. No entanto, em textos posteriores acentua outras influências que se dão concomitantemente, principalmente aquela dos escritores hispânicos.
Este livro busca analisar a incorporação das idéias destes últimos na construção do pensamento freyriano. Sua sociologia, denominada genética e ecológica, que recorre não só a outras ciências como a métodos extra-sociológicos, desenvolve-se assimilando as contribuições dos autores espanhóis, principalmente Ganivet, Unamuno e Ortega y Gasset.
Leitor desses intelectuais, tanto da geração de 98 como a de 14, desde os primeiros anos de seus estudos nos Estados Unidos, percebe-se o reflexo dessa aproximação nos artigos de jornais escritos na década de 20. Em sua trilogia Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil, a temática sugerida por aqueles analistas ganha leitura original porque articulada às teses do culturalismo.
Neste texto são apresentados alguns dos temas principais da obra do sociólogo brasileiro que refletem a herança hispânica: a proposta do retorno às tradições; a afirmação do encontro de elementos orientais e ocidentais na formação nacional; as relações sociedade e história; a busca do intra-histórico para explicar a organicidade da sociedade brasileira.
Autor: Elide Rugai Bastos
ISBN: 85-7460-215-9
Editora: EDUSC, ANPOCS
Edição: 2003
Número de páginas: 194
Os textos aqui reunidos procuram apresentar as novas interpretações que os analistas da produção de Gilberto Freyre têm recentemente elaborado e fornecer ao leitor um roteiro, uma aproximação original a temas e problemas já tantas vezes tratados, bem como a descoberta de novas perspectivas e frentes de reflexão.
O pensamento de Gilberto Freyre esteve à frente do seu tempo pelas questões que aborda, pela metodologia inovadora de que faz uso e pelas fontes inusitadas a que recorre. Casa-Grande & Senzala (1933) representa uma virada nas interpretações sobre o país. A inversão que opera nas leituras racistas disponíveis no período representa um deslocamento radical do eixo sobre o qual apoiavam-se as interpretações do Brasil: a mestiçagem, vista como origem de nossos males, transforma-se em nossa maior virtude.
Sobrados e Mucambos (1936) dá continuidade à análise da família patriarcal no Brasil, ampliando temas e questões que dizem respeito não apenas ao período e à decadência do patriarcalismo, mas que atingem em cheio a cena contemporânea: por exemplo, o feitio particular que assumem entre nós as relações entre público e privado.
O sociólogo envereda de modo original por domínios pouco conhecidos, como o das relações entre cultura e natureza, analisadas no belíssimo Nordeste (1937). O interesse inédito pela higiene, alimentação e culinária, bem como a preocupação com os hábitos íntimos, com o corpo, vida sexual, moda, comportamentos femininos, entre outros, projetam a atualidade da reflexão do autor que antecipa os contornos da nova história defendida pelo grupo dos Annales.
Freyre adianta-se também a uma antropologia da sociedade brasileira, feita de dentro, do “ponto de vista do nativo”. E, mais que isso: ele coloca a si mesmo no interior do campo de investigação; numa intuição extremamente atual, o pesquisador se coloca como parte do universo pesquisado, e a realidade social, apreendida dessa perspectiva, aparece, não como dado, mas como algo vivo que o intérprete ajuda a construir.
Organizadores: Ethel Volfzon Kosminsky, Claude Lépine e Fernanda Arêas Peixoto
ISBN: 85-7460-217-5 (EDUSC)
ISBN: 85-7139-502-0 (UNESP)
Editora: EDUSC, UNESP, apoio FAPESP
Edição: 2003
Número de páginas: 380
H
Os textos que compõem esta coletânea foram encomendados com o objetivo explícito de apresentar o estado da arte de cada disciplina, mapeando o percurso e/ou evolução intelectual da discussão do campo temático escolhido na respectiva área de conhecimento, bem como suas perspectivas futuras. Tratava-se assim, fundamentalmente, de buscar uma apresentação tão objetiva quanto possível. Sabe-se, porém, que a organização das Ciências Sociais, por força de sua condição interpretativa, não se dá por superação de paradigmas, mas pela sua continuada convivência e diálogo. Isso não permite a referência a um único plano de análise, embora certamente exija de cada autor a melhor consciência da posição no campo que lhe faculta privilegiar um determinado plano em detrimento de outros. Assim, a classificação que se apresenta em cada artigo é objetiva apenas na medida em que seu autor deixa claro, mesmo que de modo implícito, o viés que o institui. Em alguns casos aqui presentes, a dimensão opinativa tornou-se mais evidente, certamente no intuito de esclarecer a inevitável parcialidade. A única possível garantia da “cientificidade” de nossos saberes é esta: a de manter a dúvida e o debate sempre abertos, submetendo cada enunciado à crítica comparada, histórica e empírica.
ISBN 978-85-98233-53-6
Autores: Coordenador geral Carlos Benedito Martins; Coordenador de área Luiz Fernando Dias Duarte
Editoria: São Paulo: Anpocs, Co-edição com o Instituto Ciência Hoje, Editora Barcarolla e Discurso Editorial.
Edição: 2010
Número de páginas: 488
Os capítulos incluídos nesta coletânea, de modo não exaustivo, pretendem sugerir tanto algumas direções possíveis assumidas pelo conhecimento político sistemático no país, como dar uma ideia de sua diversidade. Fará mal o leitor orientado pela compulsão e pela pressa de escolher, aferrar-se ao que lhe parecer ser o “melhor” ângulo. Fará melhor se aderir ao debate.
ISBN 978-85-98233-54-3
Autores: Coordenador geral Carlos Benedito Martins; Coordenador de área Renato Lessa.
Editoria: São Paulo: Anpocs, Co-edição com o Instituto Ciência Hoje, Editora Barcarolla e Discurso Editorial.
Edição: 2010
Número de páginas: 402
Na resumida apresentação dos textos que compõem este volume referente à Sociologia, o leitor poderá encontrar algumas evidências que indicam o trânsito dos autores por esses tipos de sociologia elaborados por Burawoy. A riqueza da discussão a respeito desses campos temáticos fornece, sem dúvida, excelente material de reflexão e de contribuição para os que se dedicam à carreira acadêmica e para aqueles que pretendem melhor conhecer a Sociologia e sua produção científica. Para eles, espero que faça sentido a promessa da Sociologia tal como concebida por Wright Mills (1965, p. 28-29) há mais de cinquenta anos, mas que ainda continua viva para todos que a praticam: “Em suma, creio ser o que se pode chamar hoje de análise clássica um conjunto estável e utilizáver de tradições; que sua característica essencial é a preocpação com as estruturas sociais históricas; e que seus problemas são de relevância direta para as questões públicas urgentes e para os problemas humanos insistentes. Também acredito que há hoje grandes obstáculos no caminho da continuação dessa tradição – tanto dentro das Ciências Sociais como de seus meios acadêmico e político – mas que, não obstante as qualidades de espírito que a constituem se estejam tornando um denominador comum de nossa vida cultural geral e que, por mais vaga e por mais confusa que seja a variedade de disfarces, a necessidade delas está começando a ser experimentada”.
ISBN 978-85-98233-55-0
Autores: Coordenador geral Carlos Benedito Martins; Coordenadora de área Heloísa T. de Souza Martins.
Editoria: São Paulo: Anpocs, Co-edição com o Instituto Ciência Hoje, Editora Barcarolla e Discurso Editorial.
Edição: 2010
Número de páginas: 496
I
“Idéias em Movimento” ousa revisitar um tema bastante experimentado no pensamento brasileiro ao longo dos anos. Recusando as visões canônicas voltadas a analise da geração de 1870, Angela Alonso persegue de maneira renovada e instigante um problema sociológico crucial, manifesto na busca dos sentidos gravados pela experiência social na vida cultural. Na trama das suas reflexões, a socióloga explode concepções consagradas, tecendo seu argumento na relação entre formas de pensar e ação dos sujeitos imersos naquela específica conjuntura política finissecular, identificada com o ocaso do Império. Cristalizada a questão de fundo, as expressões político-intelectuais são reveladas no modo singular de assimilação das idéias forâneas, construído segundo a lógica de contextos vivenciados pela unidade geracional. A opção por abordar o movimento intelectual na esteira do processo político-social em curso resultou no enfrentamento de questões analíticas de grande envergadura, que se desdobram no apuro da tensão característica das obras, pré-figuração da crise difundida em todos os domínios da sociedade. Brotam das páginas iluminadas desse livro inquietações que ainda hoje nos atormentam, divisadas em atitudes impregnadas de “elitismo benevolente”, prolongamento de orientações reformistas continuamente recriadas, modulação dominante da nossa história intelectual.
Autor: Angela Alonso
ISBN: 85-219-0469-X
Editora: ANPOCS, Paz e Terra
Edição: 2002
Número de páginas: 392
Conhecidos da etnologia por seu espírito guerreiro e pelos troféus humanos que colecionavam, os índios Arara chegaram a ser considerados extintos.
Mas, com a construção da rodovia Transamazônica, voltaram à cena a partir da década de 70. A estrada cortou ao meio o território há muito habitado pelos índios e jogou, numa floresta inóspita e desconhecida, milhares de novos habitantes, colonos oriundos de muitas partes do país.
Cercados pelas obras da estrada e pelos assentamentos que se multiplicavam, e perseguidos por caçadores e pelas próprias frentes de atração da Funai, os Arara enfrentaram a nova realidade como se estivessem diante de inimigos tradicionais. Seus ataques e o modo como cumpriam seus imperativos de guerra — com a morte e o esquartejamento ritual dos cativos —, antes reservados às antigas escaramuças inter-tribais, voltaram-se para os novos habitantes do lugar, aterrorizando toda a região de Altamira no Pará.
Após um longo e acidentado processo de contato, que se estendeu de 1969 a 1987, os Arara revelaram uma outra face: a polidez das falas, a delicadeza dos gestos, a cortesia nos modos e a generosidade nos atos são as maiores marcas do seu mundo aldeão.
Este livro procura descrever e analisar esta composição sui generis entre uma paixão belicosa e a docilidade na qual os Arara pautam sua existência cotidiana, e o lugar que aí ocupam os temas associados ao sacrifício e à captura de troféus humanos.
Um povo pequeno, falante de uma língua da família Caribe, mas que se diferencia daqueles das religiões alto-xinguana e norte-amazônica (áreas de maior concentração de povos da mesma família), e vivendo há muito no vale dos rios Xingu e Iriri, que é uma área cultural predominantemente Tupi mas com importantes intrusões Kayapó, e com prováveis influências de povos Jê do Brasil Central, os Arara ocupam um lugar estratégico na etnologia regional.
Muitos dos temas abordados neste livro encontram inúmeros paralelos em termos continentais. Ainda que este livro trate apenas dos Arara, dos problemas que levantam para a etnologia e das soluções que propõem, ele certamente ajuda a iluminar temas centrais na etnologia contemporânea.
Autor: Márnio Teixeira-Pinto
ISBN: 85-271-0420-2
Editora: ANPOCS, Hucitec, Editora UFPR
Edição:
Número de páginas: 432
Este livro é resultado de um trabalho de Mestrado no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Trabalho excepcional, de altíssima densidade teórica e relevância temática, por isso merecedor do Prêmio de Melhor Dissertação de Mestrado do Concurso Brasileiro de Obras Científicas e Teses Universitárias em Ciências Sociais, edição 2010, da ANPOCS. A obra tem a virtude de trazer ao público brasileiro uma discussão abrangente do pensamento do filósofo canadense Charles Taylor, um dos mais profundos e influentes da atualidade. Embora o autor, em sua modéstia, diga tratar-se de uma “introdução”, o livro é muito mais do que isso. O fio condutor da discussão proposta por Diego Gualda em relação ao autor canadense é o conceito de “individualismo holista”. O livro explora as diversas implicações dessa concepção e mostra como elas efetivamente dialogam com as outras dimensões, mais sistemáticas, da filosofia de Charles Taylor. Em particular, o livro reconstrói maravilhosamente a sua teoria da história, que naturalmente desemboca na discussão sobre o significado da Modernidade, para em seguida retornar aos temas mais propriamente ligados à teoria política.
ISBN 978-85-64367-10-4
Autora: Diego Gualda de Lima.
Editoria: São Paulo, Paco Editorial, Anpocs
Edição: 2011
Número de páginas: 308
M
Prêmio de melhor tese de doutorado no Concurso Brasileiro ANPOCS de Teses e Disseertações Univeritárias em Ciências Sociais.
edição 2010
Autora: Rosana Pinheiro Machado
Editoria: São Paulo, Editora Hucitec, Anpocs
Edição: 2011
Número de páginas: 340
Em Moçambique: identidades, colonialismo e libertação, José Luís Cabaço interpela seu contato com as fontes, com os clássicos das ciências sociais e com os volumes da historiografia portuguesa e moçambicana com suas própria memórias. Como para qualquer moçambicano, rememorar não constitui um exercício de nostalgia: quando José Luís se lembra, e faz eco à canção e à exigência de Samora Não vamos esquecer!, ele nos fala dos conflitos presentes do se país. De um pré-colonial que se adivinha aqui e ali e se anuncia numa possível interpretação da guerra civil recente; de um colonial que se respira na divisão urbana da cidade capital, nas relações entre patrões e empregados nos dias atuais, nos comportamentos assumidos por brancos que chegam em Moçambique ou retornam a este país, por negros que ascenderam; de um pós-colonial que se prometeu e se promete nas histórias dos heróis.
O texto de José Luís Cabaço confronta sua memória com a memória de seus interlocutores, e sua memória com os clássicos que se debruçaram sobre o colonialismo que dominou o continente africano ao longo de boa parte do século XX. A etnografia aqui não constitui uma parte separada do texto. Seus interlocutores narram o que viveram e o que, sabem, foi vivido, da mesma forma que Cabaço não abre mão da sua memória e de se situar no contexto presente. Em seu texto, ele nos relata um entrelaçar de histórias, que também é a sua. E sem para isso se transformar numa espécie de eixo central da narrativa, tão ao gosto de uma certa antropologia pós-moderna que, por sorte, parece ter ficado para trás. A experiência colonial de Cabaço surge lado a lado com a daqueles que com ele conversaram ao longo de sua pesquisa, e com aquelas que estão um pouco por toda a parte, de norte a sul do país.
ISBN 978-85-7139-952-5
Autor: José Luís Cabaço
Editora: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2009
Número de páginas: 360
Tudo começou com um laudo de identificação étnica da comunidade do Mocambo: dois vilarejos situados no município sergipano de Porto da Folha, na região do baixo São Francisco, onde se reuniam 150 pessoas, em processo de litígio desde 1992. José Maurício Arruti seria transformado, então, de antropólogo profissional e interessado em ouvinte dileto de histórias. Mais ainda, acompanharia de perto, e durante cinco anos de uma “etnografia nômade”, a constituição de sujeitos políticos diferenciados, na igual medida em que o termo quilombola ganharia novos sentidos e direitos; sobretudo a partir dos debates para a regulamentação do artigo constitucional que reconhece aos remanescentes das comunidades de quilombo a propriedade definitiva das terras que estivessem ocupando.
Mas o lugar do pesquisador não seria fácil ou evidente. Arruti descreve com rigor e rara sensibilidade tais processos de reconhecimento, ou os desacordos que se estabelecem entre história e memória. Os modos de recordar não se mostram óbvios, e, assim como dizia Walter Benjamin, o exercício da memória surge como “um passado repleto de agoras”. A volta ao passado implicava, neste caso, a seleção de determinados supostos, na mesma proporção em que o discurso étnico virava laço narrativo para uma política de deslocamentos continuados. Tratava-se de deslocar a noção de cultura para etnia, e reintroduzir o discurso da “consciência negra” no contexto da exacerbação da etnicidade.
O caso do Mocambo é, dessa forma, uma arena privilegiada para refletir acerca do poder simbólico de nomeação depositado no Estado, assim como para entender os novos lugares do discurso acadêmico nas disputas pelo poder de definição do mundo social. O próprio território, ainda que tramado sobre um suporte de constrangimentos materiais, revela sua dimensão simbólica e, nesse sentido, imaterial. Aí estão as relações entre agentes, agências, expectativas, memória e natureza.
Mocambo apresenta, dessa maneira, uma rara e feliz combinação entre etnografia cuidadosa, análise antropológica acurada e uma recuperação histórica minuciosa. O resultado é uma obra inovadora que não só repensa as fronteiras entre história e antropologia como enfrenta a identidade -essa voga atual – não como ponto de chegada (uma tomada de consciência das origens), mas como chave de partida. Aqui se abre, e não se fecha, uma longa negociação, de alguma maneira relativa aos dilemas da instituição da memória.
Autor: José Maurício Paiva Andion Arrúti
ISBN: 85-7460-270-1
Editora: EDUSC
Edição: 2006
Número de páginas: 370
N
Autor: Enio Passiani
Editoria: Bauru, SP: Edusc
Edição: 2003
Número de páginas: 276
Negócio Público e Interesses Provados é um estudo sobre o intricado jogo de negociação sobre as noções de “doença” e “incapacidade civil”, que tem lugar nos processos de interdição. Nesta obra, Alexandre Zarias deslinda as dores e as tramas contidas nas ações judiciais, trazendo ao leitor uma análise crítica sobre as relações existentes entre a medicina, o direito e as famílias. Premiado no Concurso CNPq-Anpocs de obras científicas e teses universitárias como a melhor dissertação de mestrado em Ciências Sociais de 2004, este livro permite ao leitor adentrar o universo dos tribunais e destaca o papel desempenhado pelo cientista social na compreensão dos ritos e processo jurídicos. O autor, inspirado na novela A Interdição, do romancista francês Honoré de Balzac, traz a público, de modo original, os resultados de sua pesquisa, que muito interessa aos profissionais da saúde, do direito e das humanidades preocupados em compreender os modos de funcionamento da justiça do Brasil.
ISBN 85-271-0684-1
Autor: Alexandre Zarias
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2005
Número de páginas: 269
O
Autora: Mariana Côrtes.
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2007
Número de páginas: 253
Temos o prazer de publicar esta iniciativa conjunta entre a ANPOCS e o IPEA que dá início à Rede IPEA, constituída por um conjunto de instituições voltadas para o planejamento e capazes de dar contribuição decisiva na reorientação das políticas governamentais.
Neste sentido, as reuniões anuais da ANPOCS são um termômetro importante das novas tendências sociais que ocorrem no Brasil e no mundo e representam um esforço significativo de avaliação das políticas públicas.
Esperamos que esta nação se fortaleça e que ganhe cada vez mais a dimensão pragmática necessária para que o Brasil possa empreender o salto de qualidade que todos esperamos no plano governamental.
Que a inteligência de hoje seja, como o foi no passado, a alavanca da mudança.
E que o Estado possa abrir-se mais à sociedade para acompanhar as suas tendências e ouvir melhor as suas demandas.
Organizadores: Eli Diniz, José Sérgio Leite Lopes, Reginaldo Prandi
ISBN: 85-279-0129-3
Editora: ANPOCS, Hucitec, IPEA
Edição:
Número de páginas: 189
Este trabalho analisa urna experiência de governo local, no Brasil, empreendida segundo a perspectiva de uma política de esquerda.
Através da trajetória da primeira gestão municipal do Partido dos Trabalhadores em Diadema, no ABCD paulista, discute-se os dilemas postos contemporaneamente a uma política que quer redirecionar os recursos da administração pública para atender as demandas das populações carentes ao mesmo tempo em que pretende mostrar os limites do Estado burguês e sua incapacidade de servir aos verdadeiros interesses da população.
O autor abandona a segurança morna das declarações bem- intencionadas de documentos partidários e programas de governo para percorrer as trilhas movediças da prática política e administrativa, exibir às tensões entre as ideias, o embate das facções, a complexa e aparentemente desconcertante sucessão de alianças e rompimentos numa arena real de luta política.
Os personagens que povoam suas páginas surgem em plena qualidade de agentes da história: empenhados em fazer valer suas posições e pontos de vista, sob condições e limites traçados não como “estruturas” abstratas ou misteriosas, mas como produtos do entrelaçamento de diferentes histórias, em diferentes níveis de abrangência e eficácia.
O resultado é uma abordagem dinâmica – pode-se mesmo dizer dramática —, em que posições e pontos de vista diversos interagem, influenciam-se mutuamente e se modificam, num trabalho que combina a paixão política e a clareza interpretativa, o respeito à minúcia e o senso analítico mais amplo.
Autor: Júlio Assis Simões
ISBN: 85-279-0137-4
Editora: ANPOCS, Editora Marco Zero
Edição:
Número de páginas: 193
Muito se tem escrito, nos últimos anos, sobre a fronteira, o pequeno produtor, a expansão do capitalismo e a luta pela terra na Amazónia. Análises prestigiadas dentro e fora dos meios acadêmicos interpretam frequentemente essa luta como expressão de um confronto mais amplo entre dois mundos exteriores e opostos, o da terra de trabalho e o da terra de negócio; o mundo não-mercantil do camponês, privilegiador do consumo, da subsistência, do trabalho familiar, dos laços comunitários, e o mundo capitalista do mercado, da propriedade privada, da especulação e da exploração.
A partir de pesquisa antropológica realizada em área de ocupação camponesa na pré-Amazônia maranhense, este livro aponta os limites e impasses da versão dual e “populista” sobre a fronteira, investigando mais a fundo quem são, como vivem, como encaram e utilizam a terra, como se relacionam entre si e com a sociedade abrangente os camponeses das chamadas “frentes de expansão”.
A primeira parte — TERRA — analisa as visões e atitudes dos camponeses migrantes relativas ao passado (o tempo da terra liberta), ao presente (o fechamento da fronteira, a luta pela terra) e ao futuro (seus projetos para uma possível reforma agrária).
A segunda parte — COMÉRCIO E PATRONAGEM — descreve histórica e sincronicamente as relações de crédito e comercialização que integram e direcionam a atividade econômica desses pequenos produtores rurais; examina também os laços de patronagem enquanto veículos da reprodução de diferenças sócio-econômicas no interior das “comunidades” camponesas de fronteira.
Autor: Lonarda Musumeci
ISBN: 85-7115-003-6
Editora: ANPOCS, Editora Revista dos Tribunais, Vértice
Edição: 1988
Poucos são os filósofos políticos que, tão cedo em suas carreiras, atingem a maturidade intelectual necessária para entender as complexas nuanças aue permeiam uma obra tão rica e complexa como a de Thomas Hobbes. Neste livro, Thamy Pogrebinschi demonstra toda a sua erudição ao fazer uma cuidadosa leitura de um dos temas centrais daquele autor. Ao abordar a questão da obrigação política na obra de Hobbes e seus desdobramentos para uma nova interpretação de como o filósofo inglês interpretou o problema da desobediência ao soberano, este livro dialoga com a extensa lista de comentadores de Hobbes que tratou desta Questão para demonstrar, como bem aponta Renato Janine Ribeiro em seu prefácio, como uma leitura desatenta e truncada de um trecho do Leviatã pode levar a equívocos de interpretação com sérias consequências para a compreensão da teoria política elaborada por Hobbes.
Thamy Pogrebinschi é uma das primeiras intelectuais a comentar este problema interpretativo na língua portuguesa, e o tratamento extenso e detalhado que ela dá ao tema ao longo deste livro converte-o, imediatamente, em uma leitura necessária a qualquer pesquisador da obra de Hobbes.
Autor: Thamy Pogrebinschi
ISBN: 85-7460-212-4
Editora: EDUSC, ANPOCS
Edição: 2003
Número de páginas: 244
Eles são poucos, mas detêm uma fatia enorme de riqueza no País. Por meio de uma análise detalhada dos ricos, este livro ajuda a entender por que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. O livro é fruto de uma longa pesquisa que foi premiada com melhor tese de doutorado em Ciências Sociais do Brasil pela ANPOCS em 2003. Nele Marcelo Medeiros mostra que ao conhecer melhor que sobre os ricos teremos melhores ferramentas para reduzir a miséria no País e tornar a sociedade mais igualitária.
Movendo-se em um terreno cheio de controvérsias e preconceitos, Medeiros usa de forma criativa instrumentos criados para o estudo da pobreza para olhar para o outro lado da sociedade, os ricos. Um de seus objetivos é testar uma série de hipóteses para explicar por que os Ricos são ricos.
Provocante na medida certa, o livro põe por terra várias das idéias convencionais sobre o que leva as pessoas a ocuparem o topo da pirâmide social. Famílias parcimoniosas, maior operosidade no trabalho, massificação da educação, nada disso é suficiente para explicar por que alguns poucos são tão diferentes dos demais.
Escrito em uma linguagem clara e objetiva, este livro leva o leitor a testar seus limites e refletir sobre o que é realmente preciso para a construção de uma sociedade mais justa.
ISBN 85-271-0683-3
Autora: Marcelo Medeiros
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2005
Número de páginas: 299
… este livro constitui um resgate e uma proposta. Resgate de um intelectual pouco conhecido, cuja obra, tão fecunda quanto generosa, foi festejada por gente como Moacyr Werneck de Castro, Franklin de Oliveira e Raymundo Faoro; e proposta de trabalho fundada nos ensinamentos de Florestan Fernandes, para quem é essencial se chegar ao autor, como método de compreensão do seu discurso e da sua prática política. “O impulso criador”, disse Florestan, “vem da pessoa. A obra é um produto”.
Esta é, portanto, a grande novidade de O rebelde esquecido: estabelecer um ponto de equilíbrio entre a biografia centrada exclusivamente nos fatos e atos da vida do biografado e a biografia baseada apenas no contexto histórico. O conceito de biografia sociológica e crítica aqui adotado fundamenta-se na idéia de fusão dos elementos individuais e coletivos da biografia. Escrito inicialmente como tese de doutoramento, O rebelde esquecido procurou estudar a obra de Manuel Bonfim (1868-1932) – a quem Darcy Ribeiro definiu como “o Intérprete mais lúcido que tivemos no Brasil e em toda a América Latina, da natureza do racismo” – e buscar, na sua trajetória pessoal, respostas a duas ordens de perguntas: como pôde ele construir suas idéias e reflexões, tão opostas e díspares das idéias e reflexões do seu tempo? Quais as razões e motivos que o transformaram num rebelde esquecido?…
ISBN 85-7475-015-8
Autores: Ronaldo Conde Aguiar.
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild
Edição: 2000
Número de páginas: 561
O leitor encontra neste ensaio de Mariana Chaguri uma contribuição das mais expressivas para compreender o universo literário de José Lins do Rego. E isto não apenas porque a autora deslinda, com recursos que aliam pesquisa cerrada e intuição criadora, os temas mais vivos hoje no centro da fortuna crítica do autor do Menino de engenho. Mas, sobretudo, porque o curso leve de sua escrita, inteiramente avesso ao pesado jargão do discurso acadêmico, refaz com elegância e clareza o controverso itinerário do escritor, desde a fase inicial das disputas, no Recife, entre regionalistas e futuristas, ainda sob a influência intelectual do mestre Gilberto Freyre, até à fase da merecida consagração literária, já no Rio de Janeiro, quando se transforma numa estrela de ponta do célebre catálogo da Editora José Olympio. Com a novidade de que, entre um momento e outro, o ensaio vai re-iluminando as projeções da memória, desdobrada a partir da ficção, mas também da história, – a das idéias e a do homem, – coisa que poucas vezes, como aqui, se pode ver tão bem desenvolvida, seja na crônica de Lins do Rego, seja na articulação de sua narrativa ficcional, seja ainda nos temas ainda pouco visitados de seu legado crítico.
ISBN 978-85-7970-001-9
Autora: Mariana Chagur
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2009
Número de páginas: 192
As origens e trajetórias dos atuais habitantes de Minaçu são reveladoras do papel desempenhado pelos deslocamentos, pelo movimento e pela agitação em suas vidas. Nesta cidade, através de narrativas que muitas vezes assumiam tons épicos, fiquei sabendo como chegaram até ali os primeiros habitantes da região, vindos do Maranhão em busca de terras livres, no final dos anos so; fiquei sabendo também da luta enfrentada por aqueles que, incapazes de obter um lote na Colônia Agrícola Nacional de Goiás, continuaram rumo ao norte, enfrentando grileiros e o próprio Estado, anos ou décadas depois finalmente se estabelecendo nas redondezas da cidade (dizimando, um pouco antes, alguns índios que ainda estavam por ali); dos que se vestiam e andavam “feito cangaceiros” para atravessar as terras do temido e admirado Zé Porfírio, para comprar sal em Formoso ou Porangatu; dos garimpeiros que afluíram em peso para Minaçu nos anos 80, dispersando-se novamente após a construção das barragens; dos que se esparramaram e se perderam dos familiares em Mato Grosso, Pará ou Brasília; das desventuras das moças que foram trabalhar como faxineiras, dançarinas ou prostitutas na Espanha e na Suíça; das andanças dos atingidos por todo o país, acampando e marchando pelo recebimento dos seus direitos; dos que, mesmo velhos, só pensavam em aventurar e não sossegavam; das peregrinações e romarias até o Muquém ou Bom Jesus da Lapa; das histórias dos boiadeiros, dos caixeiros-viajantes, dos caminhoneiros, dos calungas fugindo do cativeiro, da Coluna Prestes ou da família Caiado…
ISBN: 978-85-7617-302-1
Autor: André Dumans Guedes
Editoria: ANPOCS e Garamond Universitária
Edição: 2013
Número de páginas: 456
Muitas são as linhas de fugas veladas sobre o camponês brasileiro nos textos oficiais, oriundos de múltiplas academias e nomes de grande relevânci. Ora, tais linhas ocupam na presente pesquisa um lugar primordial. É assim, que o silêncio sobre o corpo ou sobre a ” a parte mal-dita” do desejo camponês encontra no autor um espaço, uma sensibilidade, uma vitalidade, uma ética e uma economia dos afectos raramente percebidas nas pesquisas realizadas no Brasil sobre o tema abordado.
Neste contexto, não se trata mais de sociedades camponesas, todavia, de criação de um imaginário enganador no qual o homem docampo não se encontra, não se vê, não existe, não está em devir. Ele é, sobremaneira, a diferença, o nã-dito das emoções, o indivizíve, a parte mla-dita, velada. Ele é o segredo dos segredos. Ele se aproxima, antes, de uma categoria nostálgica que de um agente social.
Neste sentido, muitas são as contribuições de Paulo Rogers Ferreira neste livro, visivelmente jovem, livre, alegre, de uma alegria de sabe, conhecer, pesquisar e, sobremodo, de uma alegria como força maior do conhecimento. Uma alegria-corpo.
ISBN 978-85-60438-83-9
Autora: Paulo Rogers Ferreira.
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2008
Número de páginas: 257
O texto de Edelmira del Carmen Alveal Conteras tem a vantagem de reunir, num só trabalho, um relato histórico da trajetória da Petrobras com uma análise minuciosa das condições que, a despeito das dificuldade e rupturas em diferentes momentos, garantiram a continuidade e o relativo sucesso da estatal de petróleo, da época de sua implantação – nas fases iniciais de industrialização substitutiva – até o momento presente, marcado pelas incertezas do contexto neoliberal. Daí a relevância da contribuição da autora nesta que foi considerada pela premiação da ANPOCS a melhor tese de doutorado em Ciências Sociais de 1993: a de perceber criticamente o papel cambiante de uma empresa estatal que se adapta a novas realidades, calcada na visão e no papel ativo de suas lideranças no que diz respeito a redefinição de prioridades e ao seu escopo de atuação. Tudo isto, ademais de incluir um cuidadoso acervo documental, torna o trabalho de Carmen Alveal possivelmente o mais completo até hoje escrito sobre a Petrobrás, no seu papel de mais importante das empresas brasileiras, públicas ou privadas. Tive o privilégio de acompanhar o desenvolvimento do trabalho de suas diferentes fases, na qualidade de orientador da então aluna do programa de doutorado em Ciência Política do IUPERJ. E é com grande entusiasmo que vejo a obra vir a público, certo de que o leitor, seja como um curioso ou aficionado pelo mito Petrobras, seja como um estudioso da história recente do capitalismo industrial no Brasil, em muito se beneficiará da análise desenvolvida nesse livro.
Autor: Edelmira Del Carmen Alveal Contreras
ISBN: 85-85427-98-1
Editora: ANPOCS, Relume Dumará
Edição: 1994
Número de páginas: 243
Mais de uma década após o surgimento do chamado “novo sindicalismo”, nascido das greves do ABC paulista em 1978, é preciso analisar seus avanços e seus dilemas. Escrito inicialmente como uma tese de doutoramento, baseada em uma pesquisa entre os metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda – tese que mereceu o prêmio ANPOCS-1992 –, este livro examina como se desenvolveu esse “novo sindicalismo”. Foi ele o capaz de quebrar como o sindicalismo populista e com o sindicalismo burocrático do passado recente? Pôde desenvolver formas mais democráticas de gestão? A promessa de uma forma “nova de se fazer política” foi cumprida, ou, com o passar do tempo e a institucionalização do movimento, teriam as lideranças se transformado numa oligarquia política com nova roupagem? …
Autor: Wilma Mangabeira
Tradução: Vera Pereira
ISBN: 85-85427-48-5
Editora: ANPOCS, Relume Dumará
Edição: 1993
Número de páginas: 247
P
A sociedade brasileira conta hoje com um sistema de pós-graduação sólido e diversificado nas Ciências Sociais. Dezenas de programas de Mestrado e Doutorado em Antropologia, Ciência Política e Sociologia atuam em universidades de diversos estados da Federação. Neste livro – planejado pela ANPOCS e elaborado por especialistas de destaque, coordenados por Carlos Benedito Martins – encontram-se balanços qualitativos da trajetória do conjunto desses programa, bem como perspectivas para seus desenvolvimento.
Autora: Carlos Benedito Martins (org.)
Editoria: Bauru, SP: Edusc, Anpocs
Edição: 2005
Número de páginas: 268
Em todos os países em que a agricultura não apenas se desenvolveu, mas contribuiu de maneira importante para a distribuição da renda nacional, as unidades familiares de produção tiveram papel decisivo. Longe de representar atraso econômico ou resquício do passado, a empresa familiar rural foi o núcleo básico da própria modernização do campo nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e na Europa Continental. Não há qualquer razão histórica que contribua para a visão dominante na América Latina (e particularmente no Brasil) de que agricultura familiar é sinônimo de precariedade técnica, estagnação econômica e miséria social. As discussões teóricas estabelecidas neste livro e os estudos de caso por ele contemplados (numa linguagem acessível ao público não especializado na área) constituem um convite a que a questão agrária em nosso país seja repensada.
Autor: Ricardo Abramovay
ISBN: 85.271.0207.2 (Hucitec)
ISBN: 85.268.0240 (Unicamp)
Editora: Hucitec, Unicamp, ANPOCS
O livro é composto por alguns ensaios inéditos e outros publicados em momentos diversos. Segue uma linha explicativa que os une e lança luz para a compreensão do pensamento social brasileiro: percebe como totalidade o processo de construção desse pensamento. Primeiramente, mostra como as idéias se constituem como forças, atuam na definição dos caminhos trilhados pela sociedade. Isto é, constituem-se em fator, expressão e reflexo do destino dos grupos sociais no Brasil. Em um segundo nível, aponta o paralelismo existente entre a produção das interpretações do país e as crises políticas. Assim, configuram-se como marcos privilegiados desse processo, a independência, a república, o desenvolvimento, as ditaduras, a transição democrática. Nesse momentos em que a sociedade precisa repensar-se, os elementos que pareciam construídos numa continuidade fundando uma aparente ordem social mostram-se desarticulados e torna-se necessário conferir-lhes um novo arranjo. Auxiliar na constituição de uma nova articulação acaba sendo a tarefa que os pensadores propõem-se a executar.
Autor: Octavio Ianni
ISBN: 85-7460265-5
Editora: ANPOCS, EDUSC
Edição: 2004
Número de páginas: 366
Pluralismo, Espaço Social e Pesquisa reúne catorze trabalhos selecionados entre os apresentados no XVIII Encontro Anual de nossa Associação.
Une-os, além de afinidades temáticas, uma qualidade acadêmica básica. Por mais que sempre haja uma certa margem de subjetivismo em qualquer seleção, a insistência em enfatizar padrões de realização científica tem sido marca da ANPOCS. Esta tarefa de procurar construir uma exemplaridade não estará nunca imune a críticas e contestações. Isto faz parte do processo de constituição e renovação da vida cultural nos seus termos mais amplos.
Espero que consigamos não só manter mas sempre melhorar a originalidade e o valor dos trabalhos aqui apresentados.
Organizadores: Elisa Reis, Maria Hermínia Tavares de Almeida, Peter Fry
ISBN:
Editora: ANPOCS, Editora Hucitec
Política e Cultura. Visões do Passado e Perspectivas Contemporâneas traz à luz o que de mais interessante foi apresentado nos Grupos de Trabalho do XIX Encontro Anual da ANPOCS. Ao lado de temas tradicionais das ciências sociais como a análise do sindicalismo corporativo e populista, ou as relações entre cultura popular e cultura de massas, ou ainda o debate sobre transição para a consolidação da democracia, aparecem temas estreitamente ligados ao presente como as mudanças nas dimensões simbólicas relacionadas às novas estruturas do mercado de trabalho para a classe média alta ou os desafios postos às políticas e às instituições de segurança pública no contexto democrático.
Diversos nos temas e nas abordagens, os trabalhos são também obras de cientistas sociais de diferentes gerações, tanto jovens doutores como cientistas sociais de maior experiência com pesquisa.
Um volume que reflete um rico debate interdisciplinar.
Organizadores: Elisa Reis, Maria Hermínia Tavares de Almeida, Peter Fry
ISBN:
Editora: ANPOCS, Editora Hucitec
O texto de Maria Helena de Castro Santos sobre o processo de tomada de decisão da política do álcool combustível traz contribuição pioneira ao campo da representação de interesses em regimes autoritários, que sem dúvida merecerá a atenção de estudiosos dessa área, sem falar, é claro, da área de análise de política (policy analysis). O regime autoritário brasileiro pós-64 tem sido considerado como o arquétipo do regime “autoritário-corporativista”. O texto mostra, contudo, que este não é o caso numa área de politica que , dada a recorrência de questões importantes e a diversidade de interesses afetados, pareceria particularmente adequada ao estabelecimento de fortes arranjos corporativistas. Pesquisa de boa qualidade lança, assim, dúvidas sobre a validade de concepções que são comumente aceitas a um nível maior de agregação.
Autor: Maria Helena de Castro Santos
ISBN: 85-85622-08-3
Editora: ANPOCS, Notrya
Edição: 1993
Número de páginas: 352
Professor do Colégio de França, Pierre Rosanvallon é um dos mais importantes politólogos e historiadores da atualidade. Autor de mais de doze livros, quase todos traduzidos em diversos idiomas, é de se lamentar que apenas dois dos primeiros entre eles tenham sido traduzidos no Brasil. Contendo seus dois principais textos metodológicos no âmbito da história do político, o presente volume intenta contribuir para amenizar esse quadro desalentador e encorajar a tradução de suas obras maiores. Refiro-me em particular à sua primeira trilogia, versando obre a história da democracia francesa – Le Sacre du Citoyen, Le Peuple Introuvable e La Démocratie Inachevée – e sua nova trilogia sobre a teoria da democracia, cujas duas primeiras partes já vieram à luz – La Contre-Démocratie e La Legitimité Démocratique. De natureza mais informativa que reflexiva, o texto seguinte não ambiciona mais que apresentar o pensamento de Rosanvallon no contexto daquela que chamo aqui a Escola Francesa do Político, de que é ele hoje, ao lado de Marcel Gauchet, o mais eminente e conhecido representante.
Autor: Pierre Rosanvallon
Tradutor: Christian Edward Cyril Lynch
ISBN: 978-85-7939055-5
Editora: ANPOCS, Alameda
Edição: 2010
Número de Páginas: 104
R
Miguel Serna apresenta uma análise voltada para a mudança na relação entre democracia e esquerdas através da integração parcial das mesmas ao jogo democrático numa fase histórica recente.
O autor aborda um duplo percurso histórico das esquerdas na Argentina, Brasil e Uruguai durante as décadas de 1980 e 1990 – de um lado os processos de adaptação das esquerdas a um contexto externo nacional e internacional, e de outro os processos internos de reconversão ideológica de suas identidades. As variadas formas de integração e conflito, a construção da democracia, como resultado das estratégias e resultados dos partidos de esquerda, são os pontos altos deste livro.
Reconversão democrática das esquerdas no Cone Sul é uma obra que evidencia a relação entre a construção da democracia e a inserção da esquerda nos processos políticos, sem levar em conta o desempenho dos governos locais ou nacionais de esquerda, mas destacando as visões globais sobre a democracia.
ISBN: 85-7460-248-5
Editora: EDUSC, ANPOCS
Edição: 2004
Número de páginas: 274
Este livro se insere na trilha de pesquisas que procuram reescrever a história da América Indígena, mostrando um mundo de mudanças, adaptações e negociações, de constantes redefinições identitárias. Tal perspectiva rompe com a imagem da sociedade colonial tradicionalmente construída pela antropologia e pela historiografia, na qual os índios e evangelizadores aparecem como blocos monolíticos, opostos e irredutíveis. Lançando mão de fontes inéditas e de documentos já conhecidos, a autora desenvolve um estudo minucioso em que demonstra que o processo de construção simbólica do Outro tem suas razões nos primeiros contatos entre missionários e Tupinambá do litoral, no século XVI, mas não se esgota com a virada do século, com a suposta extinção ou “assimilação” dos Tupinambá. Essa história continua, de outras formas, em todos os lugares e com outros índios. É apresentado aqui o estudo desse percurso, que acrescenta uma outra dimensão ao panorama das pesquisas sobre o mundo indígena colonial: o sertão do Nordeste no século XVII, onde os “Tapuia” disputaram com os missionários tempos e espaços de poder simbólico.
Autor: Cristina Pompa
ISBN: 85-7460-213-2
Editora: ANPOCS, EDUSC
Edição: 2003
Número de páginas: 444
S
Entre os governos militares que se sucederam no Brasil de 1964 a 1984, o do general Ernesto Geisel (1974-1979) foi provavelmente o menos deletério à democracia e o mais consistente em termos de política econômica. Sob este último aspecto, chega inclusive a fazer boa figura face aos diversos governos civis dos últimos dez anos. Apenas deixou de colher melhores resultados naquela época devido à situação de crise da economia mundial, e por causa da falta de continuidade da sua orientação no governo subsequente, do general João Batista Figueiredo. Nesta última variável não foi pequena a influência da atuação de nossas classes empresariais, sempre muito ciosas da defesa de seus interesses corporativos mais imediatos, além de infensas a quaisquer tentativas de coordenação centralizada das políticas econômicas governamentais.
Todas essas questões são abordadas com grande competência no presente trabalho, da autoria de um jovem cientista político dotado de boa perspectiva histórica. O livro se concentra no exame de uma instituição-chave criada pelo governo Geisel e posteriormente desativada, cuja existência e funcionamento marcaram de forma substantiva as medidas e atividades daquele governo.
Adriano Nervo Codato não limita sua análise às estruturas burocráticas daquele órgão estatal, incorporando em seu estudo as relações e os conflitos de classe que tornam inteligíveis as diversas políticas econômicas. Essa sensibilidade teórica, aliada a uma grande riqueza de dados e informações, contribui para transformar seu trabalho numa obra de referência para a compreensão dos rumos da economia brasileira contemporânea.
ISBN: 85-271-0408-3
Editora: ANPOCS, Editora Hucitec, Editora UFPR
Edição:
Número de páginas: 367
De 1976 a 1983 a ditadura militar instalada na Argentina prendeu, torturou e exterminou dezenas de milhares de opositores do regime. Em trabalho exemplar, Ludmila Catela analisa esse período, buscando entender reações e sentimentos dos familiares de prisioneiros e desaparecidos políticos. Trata-se de uma pesquisa de grande fôlego que faz uso de fontes ricas e variadas. O ponto de partida para explicar o drama vivido pela sociedade argentina foi a cidade de La Plata, a capital da província de Buenos Aires. Além do enorme valor intelectual, o livro denuncia uma situação política, em que a violência sem limites que se alastrou por toda parte deixou marcas profundas e cicatrizes até hoje abertas. Mostra ainda como a dignidade e a indignação das pessoas mais próximas das vítimas da ditadura militar foram capazes de produzir reações que mobilizaram o povo, contribuíram para elevar sua luta, multiplicar seus efeitos e recriar o cenário da busca de um país mais justo e democrático.
ISBN 85-271-0572-1
Autora: Ludmila da Silva Catela
Editoria: São Paulo: Anpocs, Aderaldo & Rothschild: Anpocs
Edição: 2001
Número de páginas: 399.
Sociologia Ambiental é uma reflexão sobre as questões ambientais e ecológicas, consideradas fundamentais à sociologia contemporânea. O desenvolvimento sustentável, a modernização ecológica e a modernização reflexiva são as principais vertentes apresentadas neste texto, cujo autor defende uma postura pluralista e de complementaridade teórico-conceitual.
O encontro da Sociologia com as questões ecológicas, embora venha sendo marcado por recorrentes controvérsias, hoje, já requer uma reavaliação conceitual das principais abordagens, na tentativa de aproximá-las e, assim, possibilitar o surgimento de respostas produtivas à Sociologia ambiental
Um dos pontos mais complexos e polêmicos dessa área de estudo e pesquisa é a discussão sobre o conflito existente no projeto capitalista, centrado no crescimento industrial e tecnológico, e a proteção ambiental. Neste sentido, dois conceitos se destacam: “a emancipação da ecologia” e “a reestruturação ecológica da sociedade industrial”.
Autor: Cristiano Luis Lenzi
ISBN: 85-7460-259-0
Editora: EDUSC, ANPOCS
Edição: 2006
Número de páginas: 216
Quando, no final do século 19, a física newtoniana revelou-se falível, o mito Iluminista de que conhecimento científico é sinônimo de certeza apodítica começou a desabar e uma indagação, até então inconcebível, começou a se impor: se o conhecimento científico pode, mais cedo ou mais tarde, revelar-se deficiente, ou mesmo equivocado, então a que ele vem? Se a ciência não dispõe de um método que garanta, de antemão, a validade de seus resultados, então que privilégio, se é que há algum, ela pode ter sobre outras formas de conhecimento? O século 20 apresentou duas respostas dignas de interesse.
Uma primeira, tributária do pensamento darwiniano, consiste em afirmar que o conhecimento científico, embora falível, é privilegiado porque pode evoluir através da produção de hipóteses e da retenção provisória das que resistem aos mais rigorosos testes. Uma segunda, tributária de uma peculiar combinação do empirismo cético de Hume com o comunitarismo epistemológico de Wittgenstein, toma o inegável caráter falível do conhecimento científico como a prova cabal de que este não é mais que a prática organizada de um grupo. Nessa perspectiva, se algum privilégio lhe pode porventura ser atribuído, é tão somente o de desfrutar de um caráter institucional.
O livro discute a pertinência de cada uma dessas respostas através do exame de seus respectivos desdobramentos. A primeira se desdobrou na epistemologia sem sujeito conhecedor de Karl Popper. A segunda teve vários desdobramentos, das sociologias do conhecimento de Thomas Kuhn e de David Bloor ao pragmatismo de Richard Rorty.
Embora o Autor apresente restrições à resposta darwiniana, ele a considera a mais promissora.
Ele sugere uma maneira de aprimorá-la e explora suas potencialidades transitando por temas os mais variados, dos desafios recentemente impostos ao neo-darwinismo ao retrocesso a que uma pretensamente inovadora historiografia da ciência pode nos conduzir, das controvérsias que marcaram a história da imunologia moderna ao projeto hermenêutico do antropólogo Clifford Geertz.
Autor: Renan Springer de Freitas
ISBN: 85-7460-210-8
Editora: EDUSC, ANPOCS
Edição: 2003
Número de páginas: 310
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Este livro analisa a relação entre telenovela e formação de hábitos de consumo, em suas interfaces com as construções de gênero.
A pesquisa se desdobrou em várias etapas. Inicialmente, foi realizada uma etnografia de recepção de uma novela das oito da Rede Globo, O Rei do Gado, com famílias de camadas médias e populares na cidade de Montes Claros (MG). Nesta etnografia, a autora mostra como, na interação com a novela, os espectadores transformam-se em consumidores.
Os espectadores realizam um intenso processo de diálogo e reflexão de suas próprias experiências afetivas através do contato cotidiano com as narrativas – particularmente quanto a questões ligadas à vida amorosa e familiar, às relações de parentesco e de afeto. Nesse processo, eles revêem seus pontos de vista e, aos poucos, familiarizam-se com as concepções e valores que são utilizados nos anúncios publicitários. As telenovelas, portanto, preparam os espectadores para que compreendam os anúncios e se tornem parte de uma sociedade de consumo.
Por outro lado, esta investigação empreendeu uma pesquisa junto ao meio publicitário em sua interface com a televisão através de entrevistas com publicitárias (em São Paulo) e análise de revistas de publicidade e marketing. O livro analisa como funciona este meio, quais aspectos são importantes na construção de um saber profissional e em que medida os anúncios utilizam uma série de representações que estão presentes nas novelas.
A pesquisa mostra através dessas relações do público com a novela e da publicidade com a televisão de que forma as narrativas funcionam como uma espécie de educação de sentimentos numa sociedade de consumo. Nesse processo, as construções de gênero se mostram centrais, tanto para entender a relação das audiências com as narrativas, personagens e situações retratadas, como para compreender por que a telenovela é considerada pelo meio publicitário como um bom produto para anunciar.
ISBN: 85-7460-211-6
Editora: EDUSC, ANPOCS
Edição: 2003
Número de páginas: 374
A publicação do livro de Luiz Henrique de Toledo, resultado da pesquisa que desenvolveu no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP e que mereceu o prêmio, outorgado pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa de Ciências Sociais, de melhor dissertação no mestrado de 1994, não poderia ter ocorrido em momento de mais oportuno. Passado o momento de maior agitação, principalmente na mídia, em virtude de incidentes envolvendo alguns desse agrupamentos torcedores na capital paulistana, abre-se um espaço para pensar tais formas de organização e lazer dentro de um quadro mais abrangente e é justamente essa a contribuição de seu estudo. Ao invés de tomar o fenômeno apenas como o produto, e no momento pontual de sua manifestação, o autor se dispôs a captar, como um processo, a dinâmica das torcidas organizadas não apenas nos estádios por ocasião dos jogos mas nas sedes, quadras, trajetos de ruas viagens e atividades rotineiras. Surge, então, um universo de variadas dimensões e recortado por uma série de códigos: das cores, das roupas e adereços, dos cantos, das expressões verbais, da música…
Autor: Luiz Henrique de Toledo
ISBN: 85-85701-19-6
Editora: ANPOCS, Autores Associados
Edição: 1996
Número de páginas: 176
Trevas na cidade. O Underground do Metal Extremo no Brasil, de Leonardo Carbonieri Campoy, é um primoroso estudo de antropologia urbana sobre um tema desafiador. À primeira vista, o gênero musical abordado repele os não aficionados. Esse é um efeito desejado e explícito da ideologia que o acompanha. O metal extremo produz um som “pesado”, isto é, radicaliza a elaboração artística de uma sonoridade brutal e acelerada, da afinação distorcida, do vocal gutural; vem acompanhado de um imaginário que estiliza o mal, o abjeto, o horror. Pouco a pouco, mas firmemente, tudo isso se torna objeto de um fascinante percurso antropológico pelos meandros desse mundo social. Ounderground emerge como prática urbana complexa e múltipla, organizada em torno da composição, audição, apresentação, gravação, distribuição e venda de certo estilo de música, o metal extremo, cuja natureza e particularidade se trata de compreender.
ISBN 978-85-7939-056-2
Autores: Leonardo Carbonieri Campoy
Editoria: São Paulo: Anpocs, Alameda
Edição: 2010
Número de páginas: 320