É com pesar que a ANPOCS anuncia o falecimento da socióloga Irene Cardoso, professora aposentada da USP, aos 79 anos em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2025.

Reconhecida por seu trabalho acadêmico, Irene foi uma das principais estudiosas sobre a fundação da Universidade de São Paulo (USP) e os acontecimentos de 1968, especialmente a chamada Batalha da Maria Antônia — confrontos entre estudantes da USP e do Mackenzie durante a ditadura militar.

Nasceu em setembro de 1945 e iniciou sua formação em pedagogia, mas desde cedo se envolveu com as ciências sociais. Ao longo da carreira, foi influenciada por autores como Max Weber e Karl Mannheim. Na década de 1970, começou a lecionar na USP como assistente do sociólogo José de Souza Martins. Foi elogiada por sua solidez intelectual e por trazer temas inovadores, como o estudo da memória, para a sociologia brasileira.

Sua tese de doutorado, publicada como “A Universidade da Comunhão Paulista”, virou referência sobre o contexto político da criação da USP, destacando o papel de professores estrangeiros — sobretudo franceses — na formação crítica da instituição. Também publicou o livro “Para uma Crítica do Presente”, com ensaios sobre o período da ditadura, incluindo análises da destruição do prédio da Maria Antônia. Em parceria com Abilio Tavares, organizou o “Livro Branco sobre os Acontecimentos da rua Maria Antônia”, baseado em documentos guardados por Antonio Candido e depois doados por ele a Irene. Esses arquivos hoje estão no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).

Irene teve papel importante na transformação do antigo departamento de ciências sociais da USP, ajudando a consolidar a sociologia como uma área independente dentro da universidade. Aposentada nos anos 2000, passou a atuar como psicanalista, contribuindo com o livro “Utopia e Mal-Estar na Cultura – Perspectivas Psicanalíticas”. Mesmo fora da universidade, continuou orientando estudantes e sendo admirada por sua escuta atenta e sensível.

O velório ocorre nesta terça-feira (5), às 10h, no cemitério Santíssimo Sacramento, em São Paulo. O sepultamento está marcado para as 14h.

[Imagem fonte: Projeto Memória do Departamento de Sociologia – USP.]

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