Os atentados terroristas ocorridos em Brasília no último domingo, dia 8 de janeiro, contra as sedes dos três poderes da República colocam em xeque não somente o Estado, mas toda a sociedade brasileira, incluindo suas instituições públicas e privadas. O Governo recentemente empossado assumiu a tarefa de reconstrução da capacidade estatal nacional, dilapidada sob Bolsonaro. Mas, como mostram os atentados, esse objetivo não é suficiente para defender a democracia.

Bolsonaro e seus seguidores se notabilizaram por ameaçar as instituições democráticas ao longo de seu mandato, atitude que se tornou ainda mais aguda no período eleitoral de 2022. Mas após a derrota nas urnas, essas ameaças se converteram em ações concretas para deslegitimar o regime político vigente com vistas a um golpe de Estado.

É necessário que os três poderes se unam a fim de organizarem a defesa intransigente da democracia. Se isso já era uma forte demanda antes dos atentados violentos, depois deles é um imperativo inexorável. É preciso fazer valer a força das leis. Em termos políticos, é preciso que o Brasil democrático mostre à direita bolsonarista que sua existência só é tolerável dentro da legalidade.

A ANPOCS se orgulha por ser historicamente um agente desse Brasil democrático. Acreditamos que nossa atividade como cientistas sociais só se justifica por sua utilidade pública, e que tal utilidade só é de fato pública sob um regime democrático. Munidos dessa convicção, repudiamos veementemente os atentados contra as instituições de 8 de janeiro, conclamamos a sociedade a condenar estes atos terroristas e seus promotores e reclamamos às autoridades medidas para o restabelecimento da ordem democrática.

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