#8deMarço | Sob a perspectiva de contribuir para o fortalecimento e visibilidade da luta das mulheres indígenas, é importante refletir sobre seus diferentes papéis. Seja como de lideranças, mães e acadêmicas, assim como as dificuldades que enfrentam diariamente para assumir tais atribuições de modo concomitante.

(Na foto, uma mulher indígena da tribo Asuruni. Imagem: J Brarymi/iStock.com)

Para chegar a este objetivo, torna-se necessário transitar por várias questões que envolvem o cotidiano dessas mulheres: as comunidades às quais pertencem, seus trabalhos, sua educação, o contexto econômico no qual estão inseridas, as relações de gênero que vivenciam, e não obstante, sua atuação no campo da discussão feminista nos espaços domésticos e públicos.

De tal modo, considerando os fatores citados é possível evidenciar os processos estruturais e as dinâmicas vividas por essas mulheres ao pensarmos sobre espaços que ocupam como lideranças e, por conseguinte, sobre as várias atribuições que desempenham na condição de mulher e de indígena.

Nesse contexto, desenha-se do ponto de vista analítico uma transversalidade de papéis desempenhados pelas mulheres lideranças indígenas. Isto porque a existência de territórios liderados por mulheres assim como de uma atuação intensa de indígenas acadêmicas nos espaços de discussão e de tomada de decisão do Movimento Indígena significam, por si só, um avanço na questão de igualdade de gênero e empoderamento.

Contudo, é perceptível que ainda há muito o que avançar, constatação que se confirma pelo fato de que não há muitas pesquisas acadêmicas sobre a atuação de mulheres indígenas nos movimentos políticos, e mais ainda, realizadas por elas próprias. Assim, as pautas específicas das mulheres, como saúde da mulher indígena, violência doméstica, geração de renda e violência institucional ainda não se apresentam como prioridade diante das tantas violências e omissões por parte do Estado brasileiro que afetam diretamente seus povos.

É necessário, portanto, que haja cada vez mais mulheres indígenas na academia produzindo estudos, assumindo espaços e construindo saberes e conhecimento científico a partir das suas vivências para que esta luta continue de tal modo que as conquistas que lhes são de direito sejam alcançadas e mais ainda, que se amplie cada vez mais seu espaço dentro de um campo de discussão no qual são figuras centrais.

Texto: Tayse Campos (PUC-Rio de Janeiro)

 

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