In memoriam James C. Scott

Marilda A. Menezes (Profa.Colaboradora UNICAMP E UFABC)
Parry Scott (Prof. UFPE)

Com tristeza lamentamos a morte, ocorrida em 19 de julho de 2024, de James C. Scott, Sterling Professor de Ciência Política e Antropologia da Universidade de Yale, EUA.

É autor de várias obras seminais, que tiveram grande influência em diversas disciplinas e em vários campos temáticos, tais como: formas de resistência, movimentos agrários, trabalho, campesinato, trabalhadores rurais, críticas às ações do Estado nas políticas de desenvolvimento.

Entre seus livros destacamos: The Moral Economy of the Peasant (1976), Weapons of the Weak (1985), Domination and the Arts of Resistance (1990), Seeing Like a State (1998), Two Cheers for Anarchism (2002), The Art of Not being Governed (2009), Against the Grain (2017), and In Praise of Floods, programado para ser publicado pela Yale University Press em Fevereiro de 2025.

Em 1991, James Scott fundou o Programa de Estudos Agrários (Agrarian Studies Program) na Universidade de Yale, o qual se consolidou como um importante espaço de formação, debate e intercâmbio acadêmico para pesquisadores de diferentes formações disciplinares.

O programa recebe todos os anos um grupo de Research Fellows de diferentes países para desenvolverem suas pesquisas, apresentarem trabalhos e participarem dos colóquios semanais.

Como participantes ativos em ocasiões diferentes no Agrarian Studies Program tivemos a oportunidade de desfrutar um ambiente acadêmico intenso, em que visões diferenciadas, e até divergentes, eram objeto de debate crítico, pautadas pelo rigor teórico e metodológico, em um clima de diálogo respeitoso e fraterno.

Esse espírito era vivenciado nos seminários temáticos regulares e na convivência nos ambientes de trabalho dos pesquisadores (as).

Além desse ambiente frutífero e vibrante intelectualmente, fomos agraciados com a convivência com James Scott, pessoa que apesar das muitas demandas decorrentes do seu status acadêmico, sempre reservou tempo para conversar, orientar, ouvir, ler os trabalhos de cada um dos (as) pesquisadores (as) de todos os lugares, inclusive nas suas visitas no Brasil. Há quase unanimidade entre os que conheceram James Scott em ressaltar a sua generosidade. A convivialidade era tecida no entrelaçamento entre os espaços acadêmicos, os agradáveis encontros na sua fazenda, em Durham, onde compartilhamos comidas, ideias, política, sonhos e laços de amizade.

Sentiremos profundamente a falta de James Scott, fica o grande legado intelectual e a memória de sua generosidade, humanidade e compromisso social e político para uma sociedade com menos dominação e opressão e mais fraternidade e reciprocidade.

 

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