Por Heloisa Starling
Publicado originalmente em 21/04/2021
@minas.mundo | O legado de Tiradentes
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Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, foi o grande propagandista das idéias de liberdade, soberania e República que sustentaram o repertório revolucionário da Conjuração Mineira. Ele foi o melhor e o mais veemente defensor das condições de independência e auto-suficiência econômica das Minas. Queria fazer desabrochar nas Minas uma “República Florente” – a República “em flor”, como ele dizia, para indicar que, uma vez instalada, essa seria uma República “próspera”, “florescente”, já que sustentada pela idéia de liberdade e pela extraordinária riqueza natural das Minas.
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Tiradentes era uma força poderosa na rede de comunicação e sociabilidade política que anunciou a Conjuração Mineira. Não se deixava pegar com facilidade pelas autoridades portuguesa e informava de modo eficaz as pessoas sobre as ideias de autossuficiência econômica, autonomia política e poder republicano. Por essa razão, a pena aplicada pela Coroa contra ele foi exemplar, espetacular e pública. Preso e enforcado, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792, seu corpo esquartejado cumpriu uma função intimidatória. Era preciso que o medo forçasse obediência e não se apagasse nunca mais da memória dos habitantes das Minas.
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Recordar Tiradentes significa tomar posição a favor da liberdade. Tiradentes e os conjurados mineiros infundiram muita energia no poder e na força de algumas palavras: liberdade, república, bem comum, soberania. Nós podemos refletir sobre essa história, questionar e recordar – para pensar sobre o que estamos fazendo hoje. O Brasil vive uma crise sem precedentes na sua história. O presente se afigura sombrio e existe o risco real de a Democracia entrar em colapso em nosso país. É hora de contar e recordar a herança de liberdade que a Conjuração Mineira nos legou. Conhecer um pouco do que foi posto pelo passado em nosso caminho significa encontrar o legado possível para um futuro em aberto.
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Heloisa Murgel Starling (@ufmg) é historiadora.
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS