Por Luiz Henrique de Toledo
Publicado originalmente em 02/06/2021
#AbreAspas | Negacionismo total – “Cree en grande” é o lema ostentado pela Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol), uma das seis confederações que integram o mapa intercontinental do futebol profissional reconhecido pela FIFA e que realiza desde 1916 o torneio de suas 10 seleções nacionais filiadas – a Copa América.
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O recente anúncio da escolha do Brasil para sediar o certame causou imediata repercussão negativa na sociedade. “Pensar grande” levou a Comenbol articular uma solução ad hoc em função das recusas dos dois países previamente escolhidos, Colômbia e Argentina, que declinaram da organização em função do acirramento das manifestações políticas populares, que seguem desestabilizando o governo reformista colombiano e do agravamento da pandemia no caso do país platino.
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O Brasil aparece como sendo aquele detentor da estrutura que poderia reverter o impasse. Somada à assepsia oportunista acrescenta-se a consulta ao governo Bolsonaro, que em menos de 24 horas já havia declinado a favor do evento. Nesse contexto de transparência do mal, a notícia desagradou amplos setores da mídia, uma vez que o país está assombrado pela terceira onda pandêmica.
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Negacionismo total parece definir a espetaculosa inclinação do governo em acolher um torneio que flerta com a morte, apequenado e politicamente fragilizado, borrando o lema ufanista. Em meio à irresponsabilidade sanitária o governo brasileiro acenou para uma aliança de terra arrasada com o imediatismo da Comenbol, expandindo ao futebol o esgarçamento simbólico que segue apostando nas tensões institucionais e na comunicação maliciosa como projetos políticos.
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Imagem: Protesto contra a Copa do mundo realizada no Brasil em 2014. São Paulo. (Foto: Luiz Henrique de Toledo.)
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Luiz Henrique de Toledo (@kiketoledokike/@luizhenriquedet). Universidade Federal de São Carlos (@ufscaroficial).
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*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.