Por Lia Zanotta Machado

Publicado originalmente em 20/04/2021

#AbreAspas | Ao rever sua trajetória acadêmica, Lia oferece uma visão de conjunto não apenas da Antropologia e das Ciências Sociais brasileiras nas últimas décadas, como uma reflexão crítica e aguda sobre nosso momento político (Texto na íntegra – LINK DA BIO).

Confira alguns trechos:

“(…) O desmonte das instituições estatais encarregadas da defesa do meio-ambiente e da proteção aos direitos indígenas e quilombolas aponta com clareza os lugares privilegiados dos setores do agronegócio na base econômica governamental e na destruição da política ambiental. A negação do aquecimento global como efeito das atividades humanas faz parte da narrativa neoconservadora do atual governo, e estimula a crescente insensibilidade diante do ataque aos direitos ambientais e aos direitos indígenas e quilombolas de acesso a terras.

(…) Hoje não temos a pena de morte. Mas temos a pandemia que ameaça a vida e exige respostas do poder estatal e da sociedade civil. A desumanização se expandiu – na discursividade e na inação governamental federal para salvar vidas. A inação governamental não é negligência. Advém do desejo do governante de negar a pandemia, desejo no sentido psicanalítico, e da vontade expressa de negar a gravidade do coronavírus, a efetividade da vacina, as recomendações científicas médicas, manifestando horror às medidas restritivas sanitárias. Quando o poder estatal não oferece resposta condizente para conter a pandemia, institui a banalização das mortes.”

Lia Zanotta Machado (Professora Emérita do Departamento de Antropologia da UnB), na outorga de título de professora emérita pela @UnB_oficial.

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS

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