Por Roberta Novaes
Publicado originalmente em 02/08/2021
#AbreAspas | No dia 25 de julho foi comemorado o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural. Essa data marca a celebração e homenagem a um amplo arco de categorias de sujeitos que, sem enfrentarmos aqui os debates conceituais, podemos associar genericamente ao trabalho no campo, ou trabalho rural assalariado, à agricultura familiar, à agricultura camponesa, à agricultura de pequena escala.
Muitas são as mazelas do rural brasileiro que resistem no tempo ao que seria um avanço na efetivação de justiça social e da dignidade humana: a degradação do trabalhador bóia-fria em jornadas brutais de trabalho; o trabalhador e a trabalhadora mantidos em condições análogas à escravidão; a concentração fundiária; o desequilíbrio ambiental causado por empreendimentos que removem comunidades camponesas de seus lugares; a falta de água que assola regiões como o semiárido, a contaminação e o adoecimento causados pelo uso de agrotóxicos.
Há um ano e meio, vivemos a grave crise sanitária mundial da pandemia de COVID-19. No Brasil, o necrogoverno de Jair Bolsonaro aprofunda a crise com a economia da morte: com a demora da cobertura de vacinação e sem comida no prato e com o aumento do desemprego, vemos agravada a fome de famílias brasileiras, no campo, na cidade e na floresta.
Assim, esse dia 25 de julho de 2021 foi marcado por ações solidárias com a doação de toneladas de alimentos às famílias do campo, da cidade e indígenas. A solidariedade e a partilha de alimentos que nutrem – que de fato ocupam as mesas das famílias brasileiras – é a verdadeira imagem do trabalhador e da trabalhadora rural, da agricultura familiar e camponesa.
Que o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural nos faça lembrar os versos de um recente samba: não existe futuro sem partilha.
Roberta Novaes. Doutora em Antropologia (PPGSA/UFRJ), Pós-doutoranda do Programa Território, Ambiente e Sociedade (Universidade Católica do Salvador – UCSal)
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.