Por Barbara Copque e Ana Paula A. Ribeiro

Publicado originalmente em 10/07/2021

#AbreAspas | Dia 30 de junho terminou mais triste: a Covid-19 nos tirou Januário Garcia Filho (1943-2021), pai, avô, fotógrafo imenso e pesquisador brasileiro. Formado em Comunicação Visual pela International Cameramen School, ativista do movimento negro e autor de livros de referência como o “25 anos do movimento negro no Brasil” (2008), “Diásporas Africanas na América do Sul – Uma ponte sobre o Atlântico” (com Júlio César de Tavares, 2008) e “História dos Quilombos do Estado do Rio de Janeiro” (esgotado). Também atuou como presidente do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) e membro do Conselho Memorial Zumbi.

Figuras centrais do ativismo e da formulação do pensamento antirracista brasileiro, Lélia Gonzalez e Abdias Nascimento foram fotografados diversas vezes por Januário Garcia, tanto em ambientes de luta e mobilização pública como de informalidade própria da amizade que nutriam. Fotógrafo de grandes nomes da música e de capas de álbuns da MPB, Januário Garcia realizou exposições em diversos países, tornando-se uma referência nacional e internacional.

Em um momento em que as reflexões sobre políticas de preservação e as memórias negras estão em debate, ressaltamos seu legado e acervo de mais de cem mil imagens da nossa diáspora, que generosamente nos orientou durante sua trajetória. Januário Garcia fez da sua fotografia uma contravisualidade na reconstrução da cidadania negra brasileira, assim como é inspiração para gerações de fotógrafos e pesquisadores negros. É notória a sua genialidade e lacunar a falta que nos fará. Entretanto, Januário Garcia é nosso Nganga e seus saberes e sabença nos são ancestrais.

Convidamos vocês à visitar seu site, Januário Garcia: https://www.januariogarcia.com.br/

Legenda da foto: Januário Garcia e a fotógrafa Lita Cerqueira, Marcha das Mulheres Negras – Rio de Janeiro, 2019. Fotografia de Denise Marinho (PPGECC/ @febf.oficial / @uerj.oficial).

Barbara Copque e Ana Paula Alves Ribeiro. Antropólogas, professoras da FEBF/UERJ e fazem parte da atual gestão do Comitê de Antropologia Visual (CAV), da ABA

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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