Camila Pierobon, Paula Lacerda, Taniele Rui, Manuela Cordeiro
Publicado originalmente em 17/07/2021
#AbreAspas | A pesquisa “Implementation of COVID-19 related policies: Implications for household inequalities across five countries”, coordenada pelas antropólogas Clara Han e Veena Das (John Hopkins University) consiste no acompanhamento sistemático do cotidiano de famílias urbanas de baixa renda, com a realização intercalada de entrevistas estruturadas e conversas informais via telefone e/ou por aplicativo de mensagens. Nosso objetivo é compreender que tipos de efeitos sociais a pandemia de COVID-19 vem produzindo na vida dessas famílias e quais decisões domésticas estão sendo tomadas para enfrentar os variados problemas que surgem no cotidiano. O trabalho vem sendo realizado no Brasil, Chile, Haiti, Coreia do Sul e Índia. No Brasil, acompanhamos 17 famílias que vivem nas cidades de Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Altamira e Ariquemes. A equipe brasileira conta com pesquisadoras e pesquisadores da UERJ, UFRJ, UFRR, UNICAMP e CEBRAP.
A metodologia empregada inaugurou uma forma de acompanhamento do cotidiano à distância e tem permitido um seguimento longitudinal mediado pela tecnologia. O aplicativo WhatsApp, ao mesmo tempo que funciona como arquivo de conversas e fotos, tem mudado a natureza dos dados, na medida em que passamos a fazer parte do dia a dia das pessoas. Fazer as mesmas questões têm nos permitido comparar as respostas dentro das mesmas unidades domésticas, mas também com as outras famílias brasileiras e ainda com as respostas das famílias dos outros países envolvidos na pesquisa. O acompanhamento contínuo dessas unidades domésticas tem tornado concreto o que, num nível teórico, estamos aprendendo com Veena Das (2015): que o cotidiano não é mero pano de fundo para os ritmos básicos da vida, mas é o lugar onde a vida é tecida, política e eticamente.
Foto de Josane Bezerra adquirida por Paula Lacerda
Camila Pierobon (CEBRAP, @cebrap50), Paula Lacerda (UERJ, @uerj.oficial), Taniele Rui (Unicamp, @unicamp.oficial) e Manuela Cordeiro (UFRR, @ufrroficial).
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.