Por Jaqueline Lima e Daniela Vieira

Publicado originalmente em 12/08/2021

#AbreAspas | O mito de origem do movimento cultural hip-hop data de 11/08/1973 com a celebração do aniversário de Cindy Campbell.

Mas o contexto de surgimento dessa cultura juvenil foi marcado por um processo de segregação territorial e intensificação das desigualdades econômicas e raciais como resultado dos empreendimentos imobiliários, da redução de investimentos sociais do Estado e da transformação das relações de trabalho.

Contudo, muitas vezes, é através das ausências que reinventamos formas de viver, o que seria segundo a socióloga Ana Lucia Silva Souza a “reexistência”. A despeito da falta de recursos materiais houve a possibilidade de inovação estético-musical e transformação social a essa juventude, que renovou os usos dos discos, ressignificou a ocupação dos espaços públicos e passou a ser artífice de sua própria história. Cada um dos elementos do hip-hop brotava como uma flor no asfalto.

A festa de Cindy ocorreu em meio aos diversos prédios abandonados no Bronx, especificamente na 120 Sedgwick Avenue (hoje um ponto turístico), o que possibilitou o encontro de todas as expressões juvenis de Nova York no mesmo espaço, dando origem ao movimento cultural Hip-hop.

O evento, cuja grande atração foi o imigrante jamaicano DJ Kool Herc, foi organizado por uma mulher: sua irmã Cindy Campbell. Em busca do resgate da Sounds System Jamacaina, Cindy pediu ao irmão Kool Herc que realizasse uma festa: a “Back to school Jam”. Na discotecagem, o DJ inovou ao lançar mão das técnicas do break beat e do looping, fundamentais ao rap.

As mulheres, embora invisibilizadas, estão presentes em todos os momentos de virada do hip-hop. No Brasil, a rapper Sharylaine assinou uma das faixas da Coletânea “Consciência Black Vol.1” (1990), por exemplo.

O hip hop é um fenômeno cultural que extrapolou as fronteiras nacionais e se territorializa em todo o mundo. Apenas não podemos esquecer de que as mulheres são fundamentais a essa cultura.

Jaqueline Lima (CEMI/Unicamp, @unicamp.oficial) e Daniela Vieira (UEL/Coordenadora do GT 26 Música e Processos Sociais – ANPOCS)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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