Por Pedro Roberto Jacobi

Publicado originalmente em 28/09/2021

#AbresAspas | Durante a crise hídrica de 2014-2015, evidenciaram-se as desigualdades entre classes sociais, de condições de moradia e de infraestrutura que produziram experiências desiguais de escassez de água. Ainda, a crise sanitária da COVID-19 evidenciou a situação de exclusão social existente, onde a ausência de acesso a água de qualidade limitou o cumprimento das medidas sanitárias de proteção necessárias.

A crise hídrica atual é o resultado da confluência de duas situações climáticas. A primeira delas é que ao longo dos últimos 8 anos houve uma redução nas chuvas na região central do país devido ao desmatamento da Amazônia, que influencia diretamente a formação de chuvas na região sudeste do país e afeta muito a capacidade dos importantes reservatórios da região. A segunda situação foi a ocorrência do fenômeno La Niña desde o início do segundo semestre de 2020 até o final do primeiro semestre de 2021 que afeta a região sul do país e provoca uma estiagem severa. A escassez de chuvas e o baixo volume em reservatórios já produz efeitos no racionamento de água em muitas cidades e no aumento da conta de luz.

Como esse sistema de abastecimento é altamente dependente de questões climáticas está se mostrando cada vez em uma situação mais preocupante para garantir abastecimento, e isto demanda mudanças no sistema de governança da água, em virtude da ausência de planejamento e de lições aprendidas de crises já vividas., mas também para políticas de preservação ambiental.

Se enfatiza que a ação coletiva é fundamental para o combate da crise hídrica atual. E essa ação será mais efetiva se norteada pelos princípios da Segurança Hídrica, da Transparência e do Direito Humano à Água e ao Esgotamento Sanitário, de acordo com a resolução da ONU 64/292 de 2010.

Pedro Roberto Jacobi. Prof. Titular Senior – Instituto de Energia e Ambiente da USP (@usp.oficial) – Editor de Ambiente e Sociedade.

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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