Por Pedro Augusto P. Francisco

Publicado originalmente em 08/10/2021

#AbreAspas | No último dia 05 de outubro, os 3.5 bilhões de usuários das redes sociais do Facebook, incluindo Instagram e WhatsApp, se viram impossibilitados de acessar as plataformas por aproximadamente 6 horas. Tudo isso devido a uma atualização de protocolo de comunicação digital que teria dado errado e interrompido o acesso aos servidores da empresa.

Hoje, para uma imensa maioria de usuários, “estar na Internet” – uma frase que já soa antiquada – significa quase que exclusivamente se comunicar em aplicativos como Facebook, WhatsApp e Instagram. Muitas pessoas dependem dessas plataformas para exercerem suas atividades econômicas.

Assim, por 6 horas, as comunicações, interações sociais e atividades econômicas de mais de 1 bilhão de indivíduos espalhados por todo o planeta foram interrompidas ou abaladas por uma falha nos sistemas de uma única empresa privada. Nos tornamos, em maior ou menor medida, dependentes da estabilidade dos sistemas técnicos do Facebook.

Quando a Internet comercial foi criada na década de 1990, sua proposta era ser uma rede de comunicações de acesso público, descentralizada e, por consequência, resiliente. Uma falha em um componente da rede não seria suficiente para abalar a estabilidade do sistema como um todo. Contudo, nos últimos 31 anos, ainda que a estrutura que viabiliza a Internet continue muito semelhante, a concentração de serviços digitais na mão de poucos atores privados – incluindo o Facebook – contribuiu para a fragilização da nossa infraestrutura comunicacional.

É verdade que estamos cada vez mais conectados. Mas construir conexões que dependem da concentração do poder econômico e comunicacional de poucos atores nos transforma as democracias capitalistas em sociedades ainda mais frágeis.

Pedro Augusto P. Francisco. Doutorando no PPGSA/IFRJ (@ufrj.oficial)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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