Por Izabela Tamaso
Publicado originalmente em 18/01/2022
#AbreAspas | Nos últimos anos temos assistido, com indignação e sofrimento, à destruição de bens patrimoniais, como o Museu Nacional, o Mercado de Porto Alegre, a Matriz de Pirenópolis, parte do casario da Cidade de Goiás e de São Luiz do Paraitinga, Bento Rodrigues e, mais recentemente, o casario tombado (no duplo sentido) em Ouro Preto.
A lista é muito maior se considerarmos que a história da preservação no Brasil é também a história da destruição, acidental ou criminosa, por ação direta ou por negligência: seja por incêndios, enchentes, desmoronamentos, rompimentos de barragens, seja por projetos de desenvolvimento e ação de tratores na calada da noite.
Os bens arquitetônicos de valor histórico, estético e cultural vêm sendo destruídos debaixo das barbas de quem deveria protegê-los. Se considerarmos também os bens intangíveis, a lista se avoluma a perder de vista. O Solar Baeta Neves do século XIX – uma preciosidade neocolonial, localizada na primeira cidade do país tombada pelo então SPHAN e reconhecida como patrimônio mundial pela UNESCO – foi destruído em segundos, por uma avalanche de terra que poderia ter sido evitada, tivesse o poder público agido de forma diligente e responsável.
Agrava o quadro o fato de que o imóvel tenha sido restaurado em 2010, com recursos provenientes do Programa Monumenta (IPHAN), e que a municipalidade não tenha tomado medidas de contenção do Morro da Forca, à despeito de os recursos terem sido aportados para este fim há cerca de dez anos.
Por fim, vale destacar que os patrimônios precisam ser pensados e protegidos de forma integrada às pessoas, ao contexto cultural e ambiental; caso contrário, continuaremos a presenciar a destruição de referenciais importantes para nossa história, memória e cultura.
Izabela Tamaso (@belatamaso). UFG (@ufg_oficial)
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.