Por Lia Vainer Schucman
Publicado originalmente em 14/02/2022
#Eleições2022 | Definir o que é branquitude, e quem são os sujeitos que ocupam lugares sociais e subjetivos da branquitude é o nó conceitual sobre identidade racial branca. Isso porque na construção social desta, as categorias sociológicas de etnia, cor, cultura e raça se entrecruzam, colam e se descolam umas das outras, dependendo do país, região, história, interesses políticos e época investigados. Ser branco, ou seja, ocupar o lugar simbólico de branquitude, não é algo estabelecido apenas por questões fenotípicas, mas sobretudo por posições e lugares sociais que os sujeitos ocupam na hierarquia social.
Assim branquitude é entendida aqui como uma construção sócio-histórica produzida pela ideia falaciosa de superioridade racial branca, e que resulta, nas sociedades estruturadas pelo racismo, em uma posição em que os sujeitos identificados como brancos adquirem privilégios simbólicos e materiais em relação aos não brancos, entende-se que estas vantagens foram geradas inicialmente pelo colonialismo e são preservadas na contemporaneidade.Desta forma, uma pergunta fundamental para a compreensão da branquitude é a de entender de que forma, e como os sujeitos classificados como brancos agem para que estes privilégios sejam mantidos e perpetuados .
Cida Bento argumenta que os brancos em nossa sociedade agem por um mecanismo que ela denomina de pactos narcísicos, alianças conscientes e inconscientes, intergrupais, caracterizadas no tocante ao racismo, pela negação do problema racial, pelo silenciamento, pela interdição de negros em espaço de poder, pelo permanente esforço de exclusão moral, afetiva, econômica e política do negro, no universo social. Assim, a branquitude é “um lugar de privilégio racial, econômico, político, e subjetivo que acaba por definir a sociedade”
Lia Vainer Schucman. Profa. Departamento e do Programa de Pós Graduação em Psicologia – UFSC (@universidadeufsc)
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.