Por Bárbara Castro e Mariana Chaguri

Publicado originalmente em 08/03/2022

#8DeMarço | A promoção de igualdade de gênero não depende de acordos ou voluntarismos individuais. Neste 8 de março, defendemos a importância de pensar políticas públicas feministas de CT&I. Políticas que se construam para além da defesa do reconhecimento e representação, e que sejam capazes de redistribuir poder e prestígio em nosso campo profissional. Para isso, reunimos princípios de agendas de pesquisa que já estão em andamento e devem ser fortalecidas para se traduzirem em práticas de combate às desigualdades.

1. Mulheres nunca estiveram ausentes da produção do conhecimento, ainda que sejam progressivamente invisibilizadas, conforme se dão diferentes movimentos de consagração. Por isso, é importante revisitar a história intelectual de nossas disciplinas, e reinscrever autoras, suas perguntas de pesquisas e suas inovações teóricas e metodológicas. Com isso, faremos emergir outras histórias da produção do conhecimento.

2. É preciso reunir os esforços de mapeamento de como e onde as mulheres cientistas trabalham. É preciso dar ênfase ao trabalho invisível e não remunerado exercido pelas docentes e pesquisadoras em suas atividades cotidianas e nos cargos e representações que ocupam. É preciso tratar o trabalho científico como uma política de reprodução da vida que constitui o espaço doméstico e profissional.

3. Revisitar os princípios de avaliação meritocrática e reconhecer seu viés de gênero, raça e classe. As regras e normas que nos atribuem maior ou menor valor acadêmico só podem ser igualitárias se construídas levando em conta nossas diferenças.

Uma política científica feminista deve ser redistributiva e intersesscional, capaz de incidir sobre as dinâmicas de construção e atribuição de poder, status e prestígio nas comunidades científicas. Essa política visa garantir que mulheres existam intelectualmente em seus tempos pessoais e sociais, participando ativamente dos espaços no qual as controvérsias públicas são travadas e os imperativos da inovação científica demandados.

Bárbara Castro (@unicamp.oficial) e Mariana Chaguri (@unicamp.oficial/Anpocs)

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