Por Braulina Baniwa José Tupinambá

Publicado originalmente em 10/05/2022

#AbreAspas | Os territórios dos parentes Yanomami estão na mira de garimpeiros e suas comunidades estão sendo invadidas diariamente, gerando violências, morte e estupro de mulheres e crianças indígenas. A situação atual, que tem mobilizado grandes manifestos e indignação por parte dos povos indígenas e apoiadores do movimento indígena.

Segundo relatos do parente Júnior Hekurari, líderança indígena na região, uma pré-adolescente Yanomami de 12 anos foi arrancada brutalmente de sua família e estuprada até a morte por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na área de Waikás, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. E há relatos também que outros membros da referida comunidade tenham sofrido outros tipos de violência.

Esse não é o primeiro ato de violência ocorrido entre os Yanomami. Lideranças, por meio de suas organizações, vêm denunciando situações de ataques e mortes de indígenas no Território. Em 2021, a Associação indígena Hutukara por meio do relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena e proposta para combatê-lo”, apresentou denúncia de ataques de garimpeiros as aldeias, registrando que em 2021, mais ou menos sete crianças foram mortas. “Em um dos ataques, duas crianças indígenas morreram afogadas no rio na tentativa de escapar dos tiros”

Os ataques aos povos indígenas têm sido sistemáticos, recorrentes e há um certo tipo de aparelhamento do Estado, quando ações são reforçadas pelo Governo Federal na negação, construção e limitação de políticas públicas para Povos indígenas. No território Yanomami, o garimpo tem sido o principal fator para o exercício da violência e invasão do território tradicional e violentação dos corpos indígenas.

A sociedade precisa se mobilizar sobre essas diversas situações de massacre e violência contra os povos indígenas. É preciso refletir se é esse o projeto de futuro que a sociedade brasileira deseja para si, projeto calçado na depredação da natureza, invasão dos territórios e violência contra os povos indígenas.

Braulina Baniwa e José Tupinambá (ABIA)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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