Por Carolina de Paula
Publicado originalmente em 16/05/2022
#AbreAspas | O conceito original de terceira via na política é creditado ao sociólogo Anthony Giddens, ligado ao partido trabalhista britânico. Em linhas gerais significa uma proposta de renovação política e econômica alternativa ao socialismo e ao liberalismo.
Em 2022 dada a segmentação do eleitorado em dois polos bastante definidos na corrida presidencial, de um lado o ex-presidente Lula (PT) e de outro Jair Bolsonaro (PL), os demais pré-candidatos, muitas vezes de modo oportunista, utilizam o discurso de que seriam um candidato da “terceira via” para conquistar o eleitor que não pretende votar nem em Lula nem em Bolsonaro.
Há um equívoco no uso desse conceito, inclusive por parte da imprensa, já que boa parte desses candidatos sequer possuem propostas de modelo econômico ou ideológico. O mais correto seria a adoção do termo “terceira opção”, tendo em vista que esses candidatos buscam o eleitor que não possui afinidade com os dois principais nomes da disputa ao pleito presidencial.
O amplo conjunto de candidatos que busca catalisar essa fatia do eleitorado é variado e dificilmente possuem algo em comum além do fato de serem adversários de Lula e Bolsonaro. Assim, imaginar a concretização de uma aliança desses nomes em torno de uma candidatura única é algo bastante improvável de acontecer, especialmente se levarmos em conta os interesses regionais de cada partido.
Carolina de Paula. Doutora em Ciência Politica (IESP/UERJ, @iesp.uerj) e diretora executiva do Dataiesp.
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.