Por Luana Braga Batista

Publicado originalmente em 04/08/2022

#AbreAspas | Recentemente, foi comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana
e Caribenha (25/07), entretanto, o dia foi marcado por uma série de notícias que nos revelam, com base científica, o rosto daquelas que mais tem sofrido com a fome no Brasil: as mulheres negras. “A cada dez lares chefiados por mulheres ou por pessoas negras de ambos os gêneros, seis têm algum tipo de restrição de acesso a alimentos, de acordo com pesquisa da Rede PENSSAN.”

Vivemos com sinais de uma crise alimentar global, causada por uma série de fatores, no qual se destacam: o aumento nos preços dos combustíveis, dos fertilizantes, a intensificação das mudanças climáticas, o desemprego em massa, a ausência de políticas públicas e a omissão dos governantes. Tal situação, tem retirado o direito e o acesso às refeições básicas de muitas famílias. Segundo o Banco Mundial, a cada 1% de aumento nos preços dos produtos alimentícios, 10 milhões de pessoas são jogadas na extrema pobreza.

Ao analisar esses dados, descobrimos que as mulheres negras são a maioria das pessoas que se encontram nessa atual conjuntura de fome e dificuldade de acesso aos seus direitos humanos. Contudo, a pandemia aprofundou a desigualdade, a pobreza e a insegurança alimentar. Mas não criou essa situação, o problema é histórico e já estava na pauta do dia, em razão do racismo, do patriarcado, da concentração de terras, do desmonte das políticas para a reforma agrária e do capitalismo que insiste em marginalizar seus corpos e negá-los ao direito à vida.

É urgente que se fortaleça e crie políticas públicas permanentes (PAA, PRONAF,
Garantia Safra e outras), que reverta esse quadro e garanta qualidade de vida para essas mulheres e suas famílias. Panelas cheias é o futuro que queremos!

Luana Braga Batista (@lubratista). UFRJ (UFRJ)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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