Por Bruno V. Cardoso
Publicado originalmente em 05/10/2022
#Eleições2022 | O 1º turno surpreendeu. Voto envergonhado, migração ou decisão de última hora, o que fica evidente é que o eleitor bolsonarista voa abaixo do radar das pesquisas. A campanha digital bolsonarista é fundamental para isso, com a definição estratégica a cada momento, sempre em reavaliação, sobre as informações q serão produzidas e distribuídas de forma centralizada, para rapidamente ser capilarizada e chegar aos celulares de milhões de eleitores no Brasil, como mostrou a @letcesar. Essas informações são quase todas falsas, descontextualizadas ou manipuladas e chegam em diferentes formatos, em vários grupos de “zap” ou telegram ao mesmo tempo, levando a incontáveis circuitos de propagação.
Muitas informações são de tiro curto, sensacionalistas, já contadas e sempre reavivadas para ter efeito, enquanto outras são tão absurdas que rapidamente desaparecem, não sem afetar o voto. Nem toda desinformação é contra os adversários; as realizações do governo também são distorcidas ou falseadas para valorizar virtudes inexistentes ou superfaturar o benefício das muitas medidas eleitoreiras. A temporalidade é fundamental e os dias anteriores às eleições são o foco principal.
Mas isso só acontece porque já tem há muito tempo um trabalho diário com pessoas influenciáveis por esse conteúdo. Mais ainda, é esse trabalho que faz com que elas sejam afetáveis por esse conteúdo de modo a, ao menos por uns dias, (voltar a) votar no Bolsonaro. Esse trabalho de base digital tem sido decisivo e será a principal ofensiva por votos para a virada que precisam. A “afinidade eletiva” entre essas estratégias e a extrema-direita é o fato político principal do século XXI e “como combater isso?” é a pergunta mais urgente para a sobrevivência da democracia, no mundo. Espero que sejamos capazes de respondê-la em breve.
Bruno V. Cardoso. IFCS/UFRJ
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.