Por Luiz Augusto Campos e Carlos Machado

Publicado originalmente em 06/10/2022

#Eleições2022 | Dentre os diferentes temas que capturaram as eleições de 2022, a inconsistência da autodeclaração racial de alguns candidatos chamou a atenção. O caso mais notório foi o do candidato ao governo da Bahia, e atual prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (União Brasil). Visto socialmente como branco, ACM Neto se registrou como pardo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Como raça é uma construção social que depende da subjetividade dos indivíduos, é muito difícil estabelecer métodos objetivos para averiguar se a autodeclaração de uma pessoa corresponde ao modo como ela é socialmente percebida. Para contornar esse problema em outras políticas de ação afirmativa, como as cotas nos concursos públicos ou nas universidades, o Estado brasileiro tem optado por bancas de heteroclassificação racial. Nelas, um grupo de pessoas opina sobre o modo como alguém é socialmente percebido. Desde 2013, empregamos esse método, seja como forma de produzir números sobre a pertença racial de candidatos antes dessa característica ser registrada pelo TSE, seja como forma de medir as inconsistências da autodeclaração dessas candidaturas depois de 2014.

Luiz Augusto Campos (IESP-UERJ) e Carlos Machado (UnB).

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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