Por Helena Moreira Schiel

Publicado originalmente em 10/10/2022

#Eleições2022 | A presença de indígenas nas eleições em todo o Brasil tem crescido de forma consistente. O primeiro deputado federal indígena que tivemos foi Mário Juruna, eleito em 1982. Na atualidade estamos diante do governo de Bolsonaro, o presidente que prometeu (e cumpriu) não demarcar mais “nenhum centímetro de terra” para os índios. Apesar disso a presença indígena em candidaturas e em cargos eletivos é uma realidade cada vez mais presente. Segundo dados do TSE as candidaturas de autodeclarados indígenas passaram de 133 para 186.

Um destaque foi para o aumento de mulheres indígenas candidatas e eleitas. Duas foram eleitas para a câmara federal: Célia Xakriabá (MG) e Sônia Guajajara(SP). Em quatro anos passamos de 29 para 84 candidaturas de mulheres indígenas.

Houve também a eleição de candidatos autodeclarados indígenas mas que não se identificam com a bancada indígena e tampouco fazem parte do movimento suprapartidário “frente parlamentar indígena”. São eles o atual vice-presidente Hamilton Mourão, cuja família é do estado do Amazonas e foi eleito para senador pelo Rio Grande do Sul. Ele havia se autodeclarado “branco” nas eleições de 2018 e alegou erro no preenchimento. E Silvia Waiãpi do partido do presidente, o PL, que foi eleita deputada federal pelo Amapá.

Curiosamente os dois não alinhados fizeram carreira nas Forças Armadas, que é a opção de muitos indígenas sobretudo na região norte. Sua presença é sinal de pluralidade de vozes entre os indígenas como é natural em qualquer sociedade. Outra mudança de autodeclaração veio de Minas Gerais. O deputado federal reeleito pelo PT, Paulo Guedes, havia se declarado pardo em 2018 e nessas eleições se declarou indígena.

Esperamos que as vozes e demandas indígenas se façam ouvir cada vez mais nas instâncias representativas.

Helena Moreira Schiel. Neai/UFAM; LaborE/UFOPA

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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