Por Ana Claudia Farranha

Publicado originalmente em 07/10/2022

#Eleições2022 | Estas eleições nos fazem questionar: há algo de errado em nossas Ciências Sociais? Ainda não sabemos, mas talvez haja uma silenciosa mudança na sociedade brasileira.

Sugiro aqui 3 pontos nos quais precisamos parar e repensar, “re-parar”: a) Informação: um tema chave desde sempre, mas, não penso na informação como algo “que será levado ao interlecutor”, acho que o desafio, nesse tema, é aprofundar estudos sobre a forma de produção, reprodução, disseminação da (des)informação dentro e fora das mídias sociais – sermões e práticas de pastores e pastoras são válidos também. Cabe compreender contradições, estratégias e crenças entre outros aspectos desse complexo processo de comunicação.

b) A volta dos amigos do Rei – o velho e bom patrimonialismo: Esse é um tema para re-parar e perguntar: porque ele tanto volta à cena política brasileira. E diria que, além das práticas de corrupção engendradas, como ele deteriora a esfera pública. Seja pela “farra” de acesso aos recursos orçamentários (orçamento secreto – nosso melhor exemplo), seja pela falta de responsabilização dos agentes públicos que tem pesadas acusações contra si, o que não lhes impediu de concorrer às eleições 2022. Eu re-pararia em como, do ponto de vista institucional, a resposta dos sistemas políticos e de justiça se constroem nesses casos.

c) Quem são os novos (e progressistas) personagens em cena. Ainda que não haja uma significativa ampliação do campo progressista, há resultados importantes como a eleição de deputados estaduais e federais representa lutas por reconhecimento e direitos. Aqui, eu re-pararia em compreender como a lógica conversadora (e muitas vezes reacionária) sobrevive e coexiste com a racionalidade progressista e, se é possível uma síntese. Se sim, qual? Enfim, é tempo de re-parar!

Ana Claudia Farranha. UnB

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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