Por Ananda Marques

Publicado originalmente em 27/01/2023

#GovernoLula | O que esperar do Ministério da Saúde no terceiro mandato de Lula? Em seu discurso de posse, o presidente fez referência ao Sistema Único de Saúde como a mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 1988. Sob o comando de Nísia Trindade, primeira mulher a ocupar o cargo, estão postos desafios urgentes, como melhorar os indicadores de vacinação, mas também, questões estruturais, como seu financiamento.

Dentre as prioridades apontadas nas declarações da ministra temos a recuperação das relações interfederativas, tendo em vista que o SUS é organizado de modo que União, estados e municípios dividem responsabilidades. Resgatar as discussões tripartites parece ser a aposta do novo governo, pois já no dia 16 de janeiro houve a revogação de documentos que ferem os direitos humanos, promovem o negacionismo científico e foram implementados de maneira unilateral.

Outro tópico é o enfrentamento das consequências da pandemia e dos erros cometidos pela postura anticiência. Acelerar a vacinação, o que envolve a aquisição de vacinas e, principalmente, a comunicação. Reduzir o represamento de consultas, exames e cirurgias através de um plano emergencial. E criar uma política nacional de tratamento para pessoas com sequelas de Covid.

Reduzir desigualdades de acesso à saúde, levando em consideração as especificidades das populações, como por exemplo, raça, etnia, gênero e faixa etária. A postura negligente da gestão de Bolsonaro quanto à saúde dos povos indígenas é tema de denúncia, o que lhe confere centralidade. Assim como a saúde sexual e reprodutiva, alvo do reacionarismo da extrema-direita.

Por fim, a ministra tem ressaltado a importância do fortalecimento do SUS a médio e longo prazo, com foco na sustentabilidade de seu financiamento, tema tão antigo quanto necessário. E com a criação de uma secretaria de saúde digital, a gestão promete modernizar os sistemas de informação, fundamentais para o futuro da saúde no país.

Ananda Marques. Mestra em Ciência Política UFPI e Diretora Científica ESPMA

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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