Por Rogerio Proença Leite

Publicado originalmente em 19/01/2023

#GovernoLula | Talvez em nenhum momento a frase do escritor e ativista cultural francês André Malraux faça tanto sentido como no Brasil de hoje: “a cultura não se herda, conquista-se”.

Depois de tantas vezes extinto, O Ministério da Cultura (MinC) é recriado no atual Governo Lula repleto de simbolismos. Desde que foi criado em 1985, o MinC foi extinto três vezes. No Governo de Fernando Color (1990-1992), no Governo Michel Temer (2016-2018); e no Governo Bolsonaro (2019-2022).

Neste último, não foram suprimidas apenas a estrutura administrativa do Ministério. Os assuntos da pasta foram publicamente vilipendiados. Nunca, na recente redemocratização política brasileira, as políticas culturais, o incentivo às artes e a proteção do patrimônio cultural foram tão esgarçados e afrontados. Nunca a classe artística e intelectual, o saber especializado e a expertise técnica na área da cultura foram tão rebaixados e ignorados.

Por isso, a recriação do MinC é mais do que um esforço administrativo de reorganizar orçamentos e políticas culturais: é sobretudo um ato político pleno de significado. É uma conquista, como diria Malraux. Uma conquista de todos que acreditam no respeito mútuo à diferença cultural e que continuam a acreditar que podemos, sim, erguer um mundo em que todas as expressões culturais sejam respeitadas. A nomeação para Ministra de uma mulher, negra, artista e nordestina é parte fundamental neste ato exemplar que marca o renascer do MinC como parte da recriação da democracia brasileira.

Depois de um certo tempo obscuro, o MinC surge tal a coruja de minerva de Hegel, que voa no crepúsculo e traz a sabedoria para aprendermos com os erros do passado e traçarmos – mais uma vez – o caminho para nosso futuro. E que seja justo, respeitoso e rico em sua tão ampla diversidade cultural. Que seja para todos.

Rogerio Proença Leite. UFS/ANPOCS

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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