Por Lia Rocha

Publicado originalmente em 15/03/2023

#AbreAspas | “Cinco anos é tempo demais”. Esse foi o mote das manifestações pedindo justiça e a resolução do atentado que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes em 14 de março de 2018. Após cinco anos há dois presos, suspeitos de terem cometido o crime, mas ainda sem julgamento. Fora isso, nada se sabe sobre quem mandou matar Marielle, ou porquê.

Depois de sua morte a vereadora Marielle Franco ficou conhecida no Brasil e no mundo. Sua origem na favela da Maré, enorme conjunto de favelas no Rio de Janeiro. Sua militância na localidade, a luta pelos direitos humanos, a carreira nas ciências sociais iniciada após o nascimento da sua filha, o trabalho na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, até sua eleição em 2016, com 46.502 votos – 5a mais votada naquele ano. A vida e as lutas de Marielle expressam os cruzamentos de diversas dimensões da desigualdade brasileira – mas também são potência e desejo de uma outra política, ocupada por outros atores, para um mundo novo.

Contudo, após cinco anos, quatro deles dentro de um governo federal com suspeitas ligações com grupos milicianos, pouco se fez. Foram diversos delegados substituídos, equipes desfeitas, várias denúncias de irregularidades e obstrução das investigações por agentes públicos.

Desde março de 2019, quando Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz foram presos acusados de serem os executores do crime, não há elementos substantivos novos na investigação. São quatro anos sem avanços. Porém, os novos tempos que sopram no país, com a derrota do governo Bolsonaro, renovam as esperanças. As famílias receberam com entusiasmo a notícia da abertura de novo inquérito pela PF, e as declarações de compromisso do Ministro da Justiça, Flavio Dino. Solucionar o crime e garantir a punição dos culpados pelo assassinato de Marielle Franco é, nas palavras da Ministra Anielle Franco, “dever da democracia”. Não avançaremos na necessária reconstrução do país enquanto não obtivermos Justiça para Marielle e Anderson.

Lia Rocha. PPCIS/UERJ

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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