Por Marcela Vecchione Gonçalves
Publicado originalmente em 01/08/2023
#AbreAspas | Em maio deste ano, quando Belém do Pará foi confirmada como sede da 30a rodada da Conferência das Partes (COP 30) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2025, governos de vários níveis e organizações da sociedade civil intensificaram debates sobre clima, florestas e bioeconomia. Em uma cidade sociobiodiversa, cercada por rios, falar de Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável frente à emergência climática será um desafio espacialmente inspirado pela complexidade panamazônica.
A COP 30 pode mostrar essa complexidade para além de um bloco florestal tropical homogêneo sem modos de vida e sujeitos políticos diversos. Em 2025, primeiro período oficial de monitoramento (2020-2025) do cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas dos países signatários, a Panamazônia estará no centro do debate sobre o Estoque Global de emissões de gases de efeito estufa e de ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Por isso mesmo, os Diálogos Amazônicos que iniciam nesta semana, em 04 de Agosto, e antecedem a Cúpula da OTCA em sua IV Reunião de Presidentes dos Estados Partes, são estratégicos para governos nacionais e subnacionais, mas especialmente para os sujeitos políticos como camponeses, agroextrativistas, quilombolas, populações periféricas das cidades amazônicas e povos indígenas visibilizarem suas agendas políticas e de cooperação transnacional tendo a floresta por eles vivenciada como base. No final do evento, será publicada a Declaração de Belém em resultado de plenárias guiadas por cinco eixos de debate.
A Declaração vai compor a reflexão sobre a Pan-Amazônia que será levada aos presidentes e ministros de Estado dos oito países amazônicos nas negociações na Cúpula da OTCA, entre 08 e 10 de Agosto. Assim, os Diálogos Amazônicos serão um espaço de incidência fundamental para preparação e articulação política sobre pautas ambientais e climáticas até 2025, na relação da região Amazônica no e com o mundo.
Marcela Vecchione Gonçalves. Professora NAEA/UFPA: bit.ly/36NVEoT
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.