Por Patrícia Pavesi e Júlio Valentim
Publicado originalmente em 23/08/2023
#AbreAspas | O depoimento de Walter Delgatti Neto à CPMI do Golpe evidencia sua habilidade em manipular sistemas computacionais, algo distintivo dos hackers.
Mckenzie Wark indica que hackear envolve criar novos conceitos/percepções a partir do já existente, impulsionado pela diferenciação/inovação contínua em diversos domínios como linguagens de programação e artísticas.
Entretanto, a capacidade disruptiva do hacking pode ser neutralizada por uma Classe Hacker, que colabora com os poderes estabelecidos.
O Hacktivismo, a critica aos poderes estabelecidos, é subvertido pela Extrema-Direita e forças antidemocráticas, que contratam hackers para promover seus interesses por meio de propaganda computacional/desinformação, geralmente com motivações fascistas.
No Brasil, a captura da criatividade hacker converteu os “Hackers do Bem” e os “Hackers do Mal” em “Hacker Cidadão de Bem” (conservador/oportunista).
um estranho (um alien político), um pária tanto para a esquerda quanto para a direita, o “Hacker da Lava Jato” é um exemplo de como autoridades tentam moldar narrativas e o potencial transformador dos hackers para atender interesses políticos e de mercado.
Embora a agência hacker possa ser sequestrada por poderes estabelecidos, o “espírito hacker” (mesmo entre os mercenários), em certa medida, valoriza a autonomia e o controle sobre criações e formas de distribuir/proteger/capitalizar informações.
O Hacking sempre terá potencial disruptivo. Através de práticas de “exploit” (Alexander Galloway, Eugene Thacker) pode se engajar com as tecnologias indo além da crítica, executando intervenções.
O Hacker, pela experimentação, pode criar alternativas aos sistemas existentes, apostando em práticas de excomunicação e xenocomunicação (Galloway, Thacker e Wark), explorando as possibilidades de comunicação com o desconhecido, buscando estabelecer conexões significativas para interpretar códigos não humanos e entender sistemas de significado diferentes dos nossos.
Patrícia Pavesi e Julio Valentim. Data Kula Lab – PGCS/UFES
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.