Por Jacqueline Gomes de Jesus
Publicado originalmente em 11/06/2024
#AbreAspas | A maior manifestação festiva por direitos humanos e civis do planeta acontece anualmente no Brasil. É reducionista ver a Parada do Orgulho de São Paulo apenas como um evento massivo, localizado e restrito ao “universo” de pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Intersexo e outras discriminadas em função de preconceito contra as suas orientações sexuais, identidades de gênero e/ou conformação corporal.
Diversidade sexual e de gênero se refere a todos os seres humanos, inclusive os que se identificam como heterossexuais e cisgêneros – apesar dos seus privilégios nesta cultura heteronormativa e cisnormativa, eles também são diversos, e a vivência plena de sua orientação sexual e/iou identidade de gênero é igualmente limitada por estereótipos sobre como as pessoas deveriam ser e amarem. A celebração da diversidade perpetrada pelo movimento social LGBTI+ se configura como uma resposta global ante à LGBTfobia disseminada no mundo, e que propõe, sobretudo, um ampliação do sentido da cidadania e um aprimoramento das democracias.
Não à toa, esta 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo trouxe, mais uma vez para a Avenida Paulista, o tema “Basta de negligência e retrocesso no Legislativo: vote consciente por direito da população LGBT+”. A dezena de eventos relacionados à Parada, oficiais e paralelos, complementam esse debate fundamental em nosso país.
Um exemplo foi a minha própria contribuição (enquanto militante engajada no movimento desde 1997 e coordenadora no Brasil de uma pesquisa global sobre saúde mental de minorias sexuais e de gênero em países de baixa e média renda, o Estudo SMILE, que você pode responder e compartilhar em https://brasil.smilestudy.org ): conduzindo uma oficina sobre saúde mental LGBTI+ na Casa 1, um abrigo, centro cultural e clínica social que acolhe jovens LGBTI+ entre 18 e 25 anos expulsos de casa; palestrando, a convite da Casa Queer, projeto multilinguagem, e da Editora Metanoia, sobre militância e sobrevivência em todos os lugares; vivendo a Parada em si ao lado de amigos e falando no trio da visibilidade travesti e transexual junto a figuras fundamentais para a consolidação de uma comunidade LGBTI+, como a Deputada Federal Erika HIlton; sendo homenageada como intelectual nas premiações do Trans Baile; e como boa carioca nascida em Brasília, não me esquecendo de frequentar a feira da diversidade, além de alguns dos excelentes “points” e festas da cidade de São Paulo.
Jaqueline Gomes de Jesus (@instadajaqueline). IFRJ e DIHS/ENSP/FIocruz
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.