Por Júlio Assis Simões
Publicado originalmente em 07/06/2024
#AbreAspas | Com o tema “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo – Vote consciente por direitos da população LGBT+” e propondo uma reapropriação das cores verde e amarela sequestradas pela extrema direita nos últimos anos, a 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo aconteceu neste domingo, 2 de junho de 2024. Novamente, milhares de manifestantes anônimos ao lado de artistas, políticos, autoridades governamentais e representantes de organizações da sociedade civil reuniram-se para celebrar e reivindicar reconhecimento e respeito às múltiplas expressões da diversidade sexual e de gênero.
Fruto de uma engenhosa combinação de festa e comício, as Paradas seguem agregando um vasto universo de pessoas, atravessadas por segmentações identitárias, geracionais, divisões de classe e prestígio, num persistente denominador comum: a luta contra a discriminação, o preconceito e a violência que as atingem. A visibilidade em massa, a coragem de dar a cara e o corpo em público, com apoio na força da multidão, continua a ser seu mote gerador desde as primeiras edições, quase heroicas, no final dos anos 1990.
De lá para cá, muita coisa ocorreu. Alguns direitos foram conquistados: casar-se, formar família, constituir o próprio nome e identidade. Em vários setores da sociedade, a presença de pessoas LGBT+ foi parcialmente normalizada.
Está tudo diferente agora? Sim e não. Novas gerações LBGT+ podem viver hoje sob menos pressão e sofrimento. Porém, inúmeras pequenas e grandes formas de estigma, agressão e violência ainda nos cerceiam, oprimem e matam. Por isso, as Paradas ainda respondem em alegre, alto e bom som: Existimos. Estamos em toda parte. Nos multiplicamos em nossa diversidade. Não vamos desaparecer, bem ao contrário. Viemos para ficar. Vidas e lutas que seguem.
Júlio Assis Simões. USP
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.