Por Manuela L. Picq
Publicado originalmente em 10/04/2021
As eleições presidenciais de 2021 no Equador foram marcadas pelo surgimento de uma nova força política ecológica, representada por Yaku Perez, advogado indígena e defensor da água contra o extrativismo. Candidato pelo partido indígena plurinacional Pachakutik, Yaku estava em segundo lugar com mais de 20% dos votos no primeiro turno, atrás do candidato correísta Andres Arauz, quando já haviam sido depurados 70% dos votos. Mas ao final da apuração do primeiro turno – que se estendeu por uma semana – Yaku acabou em terceiro lugar, 0,3 ponto percentual atrás do candidato banqueiro Guillermo Lasso, em meio a um processo eleitoral marcado por irregularidades. Pachakutik reuniu um conjunto significativo de evidências sobre a fraude eleitoral, mas o Conselho Nacional Eleitoral não acatou as denúncias.
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Pachakutik não passou para o segundo turno, mas se tornou a segunda força política nacional apesar de uma campanha sem recursos num país dominado pelo racismo e por lógicas extrativistas. Agora, sua agenda ecológica e feminista marca o cenário político. Tanto Arauz, herdeiro político do ex-presidente Rafael Correa, da esquerda progressista Bolivariana, quanto o banqueiro Lasso, da direita conservadora Opus Dei de Guayaquil, tentam conquistar grupos ecologistas e feministas, prometendo incorporar as agendas diversas e inclusivas que são bandeiras do movimento indígena.
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Este domingo 11 de abril, os equatorianos voltam às urnas para escolher entre duas propostas neoliberais: uma abertamente de direita e a outra que se pretende de esquerda. Ambas privatistas e favoráveis ao aprofundamento do extrativismo. Para resistir, Patchakutik defende o voto nulo. A novidade é a semente de uma terceira via anti-extrativista que já ganhou raízes na consciência coletiva nacional.
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Manuela L. Picq (@la_manuela_picq). Ativista, jornalista e professora da Universidad San Francisco de Quito, Equador & Amherst College.
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Fotos: Reprodução/Campanha de Yaku
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.