Por José Ricardo Ramalho

Publicado originalmente em 02/05/2021

#AbreAspas | O Primeiro de Maio é a comemoração de uma solidariedade especial, construída pela ação coletiva dos trabalhadores do mundo, ao longo dos últimos três séculos. Defender o trabalho e seu sentido na vida das pessoas implica em confrontar permanentemente os interesses fundadores do sistema capitalista. Esta é a razão pela qual as estratégias para resolver crises de acumulação recaem sempre sobre a destituição do conhecimento que os trabalhadores detêm sobre os processos de trabalho.

Quem vive do trabalho formal enfrenta renovados mecanismos de controle e de organização empresarial, marcados por articulações globais e em rede. A incorporação das tecnologias da informação alterou as formas clássicas de emprego assalariado, e implantou um padrão baseado na flexibilidade dos processos e dos mercados de trabalho.

Vulnerabilidade e insegurança se tornaram características usuais e laços de emprego mais precários e instáveis se tornaram prática comum nos variados setores da economia. No Brasil, a expansão do trabalho informal confirmou o impulso para a precariedade como prática usual. A opção por políticas neoliberais nos últimos anos alinhou o Estado brasileiro aos interesses exclusivos dos negócios e promoveu um verdadeiro desmonte da legislação trabalhista existente.

Os direitos inscritos no texto constitucional, no que diz respeito às questões do trabalho, foram substancialmente reduzidos com a reforma de 2017. Esse contexto, agravado pela crise sanitária do coronavírus, colocou em xeque a resistência coletiva dos trabalhadores, em especial a instituição sindical.

No entanto, a construção da solidariedade, como forma de enfrentar os desafios de representar quem vive do trabalho, não perde a atualidade e vai permanecer como eixo central das comemorações do Primeiro de Maio.

José Ricardo Ramalho. PPGSA/UFRJ (@ufrj.oficial)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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