Por Sérgio Amadeu

Publicado originalmente em 10/05/2021

#AbreAspas | No início de abril, a Microsoft anunciou da aquisição da Nuance, maior empresa de Inteligência Artificial na área de Saúde dos Estados Unidos, por 19 bilhões de dólares. A Nuance possui soluções utilizadas em aproximadamente 77% dos hospitais norte-americanos, tendo seu serviço de nuvem digital obtido um crescimento de 37% durante o ano fiscal de 2020, em plena pandemia.

Esse fato ajuda a descortinar a tendência das plataformas digitais se expandirem para as mais diversas áreas da economia e do cotidiano. As áreas de saúde, educação, agricultura e alimentação são novos terrenos de disputa entre Amazon, Google, Facebook, Microsoft e as chinesas Tecent, Baidu, Alibaba. Trabalhando basicamente com a extração de padrões de seus usuários, as plataformas estão convertendo os fluxos da vida em uma torrente de dados como indicam diversos pesquisadores de matizes distintas que vão de José Van Dijck, Nick Couldry, Ulisses Mejias até Shoshan Zuboff.

O modelo de negócios das plataformas é baseado em oferecer interfaces e serviços gratuitos com a finalidade de obter o maior número de usuários possíveis. Buscam técnicas de atração e permanência dos indivíduos em suas teias de opções, pois quanto mais tempo seus usuários permanecerem na plataforma, mais dados pessoais elas conseguem extrair de seus comportamentos e ações online. A coleta e tratamento intenso e pervasivo de dados pessoais tem efeitos perversos que são ainda pouco conhecidos.

Relatórios de faturamento e do número de usuários dessas gigantescas empresas de tecnologia durante a pandemia demonstram que elas se tornaram fundamentais não somente na área de comunicação cotidiana e entretenimento, mas se tornaram fundamentais na área educacional.

Sérgio Amadeu. Professor Associado da Universidade Federal do ABC (@ufabc)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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