Por Glauco P. da Silva e Bruno Bolognesi

Publicado originalmente em 28/05/2021

#AbreAspas | As críticas do presidente ao uso da urna eletrônica e sua infundada relação com fraudes acumulam-se. Considerando que eleições competitivas sustentam uma Democracia e suas etapas afetam a representação política, a Ciência Política voltou-se à introdução da nova urna.

Descobriu que o voto eletrônico dificulta práticas clientelistas, ao impossibilitar romper a inviolabilidade do voto; que reduziu votos brancos e nulos ao facilitar o ‘preenchimento’ e reduzir erros nas então cédulas de papel. Provocou, assim, ampliação no gasto público para a população de baixa renda e também para locais localizadas onde aumentou o voto válido. Porém, há dificuldades.

A expansão dos votos válidos foi acompanhada de elevação nos votos de legenda, sem expansão da identificação partidária. Isto sugere equívocos na escolha, já que a decisão do voto no país é complexa diante da miríade de opções. De resto, o sistema eleitoral depende da confiabilidade dos eleitores.

As crenças sobre o sistema tem base no que os atores próximos políticos mostram à população. Ainda que levantamento aponte uma adesão de 73% do eleitorado ao seu uso, o argumento contra o voto eletrônico não se relaciona com a apuração em si. O TSE vem cumprindo papel em assegurar a confiabilidade no sistema. A estratégia descontente decorre da relação de um líder despótico com seus apoiadores em guerra contra a ciência e as instituições, arriscando a própria Democracia.

Não há evidência alguma de fraude nas eleições. Denúncias sem evidências, vindas de representantes eleitos, são deletérias ao regime democrático ao questionar seu fulcro: a conversão das preferências manifestas em cargos representativos.

Imagem: Chiharu Shiota

Glauco Peres da Silva (@glauco_peres) (USP, @usp.oficial) e Bruno Bolognesi (UFPR, @ufpr_oficial)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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