Por Júlio Assis Simões

Publicado originalmente em 08/06/2021

#AbreAspas | O Mês do Orgulho LGBTQIA+ remete à rebelião de jovens gays, lésbicas e drag-queens, principalmente latinas e negras, que frequentavam o bar Stonewall, no coração boêmio de Nova York, na madrugada de 28 de junho de 1969. A revolta contra a repressão policial, da qual eram alvo rotineiro, tornou-se marco da irrupção do moderno ativismo de combate à discriminação e à violência contra as expressões de sexualidade e gênero que extrapolam as convenções da heteronormatividade.

No Brasil, desde o final dos anos 1970, no embalo do grande movimento de oposição à ditadura militar, grupos de gays e lésbicas trouxeram à cena pública a flama libertária contra as opressões de sexualidade e gênero. Depois, sob o terrível impacto da Aids, essa luta frutificou em iniciativas cruciais, envolvendo também travestis e pessoas trans, no enfrentamento da
epidemia e do novo estigma que ela impunha à diversidade sexual. Esta memória é oportunamente recuperada por diversas celebrações do Orgulho LGBTQIA+ neste ano, no país devastado por outra grave pandemia.

Impulsionado pelo arcabouço legal da Constituição de 1988, o movimento LGBTQIA+ brasileiro construiu, ao longo dos governos democráticos desde a virada do milênio, uma agenda de direitos civis que resiste à reação de cunho moral encarnada no atual governo federal, em boa parte do parlamento e em certas lideranças religiosas.

Mesmo diante de persistentes formas de violência e desumanização, o respeito às múltiplas expressões e vivências de sexualidade e gênero é um apelo que hoje ecoa e vigora no cotidiano de muitos setores da sociedade. Pois o Mês do Orgulho LGBTQIA+ evoca questões que concernem a toda gente: o respeito às diferenças e o direito à existência digna, com afeto, prazer e cuidado.

Júlio Assis Simões. USP (@usp.oficial)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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