Por Viktor Chagas e Michele Massuchin
Publicado originalmente em 09/06/2021
#AbreAspas | Embora presentes no cenário acadêmico desde a redemocratização, os estudos sobre comunicação política ganharam novos ares nos anos recentes. Desde 2018, com a chamada rede bolsonarista, composta por influenciadores digitais e milícias extremistas no Twitter, no YouTube, no WhatsApp e em outras plataformas, as investigações apresentam novas questões de pesquisa.
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Parte dos analistas e pesquisadores que se baseava em explicações advindas de subáreas tradicionais da Ciência Política teve dificuldades para compreender a vitória de Jair Bolsonaro, com pouco tempo de TV, sem fazer corpo a corpo nas ruas, e com uma estrutura partidária incipiente. Quem acompanhava a campanha digital, porém, não foi surpreendido.
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Os fatores que dão conta da ascensão do bolsonarismo nas redes são semelhantes aos observados em outros lugares do mundo. Ou seja, atuações similares vêm sendo acompanhadas em diversos países e as pesquisas mostram alguns padrões de uso e apropriação do ambiente digital. Entre suas características estão as críticas às esquerdas, o anticomunismo, o discurso de combate à corrupção e a forte adesão aos regimes de exceção e ao negacionismo.
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Embora haja peculiaridades referentes a cada contexto, algumas estratégias de ação são comuns a esses grupos. Há, por exemplo, uma forte associação entre o espalhamento de conteúdos desinformativos e a atuação da extrema direita. Além disso, esses grupos são fortemente articulados na rede, e mobilizam-se através de ações coordenadas, frequentemente com uso de mensagens em tom satírico e provocativo. O repertório desses ativistas vem sendo escrutinado por pesquisadores da Comunicação Política, contribuindo para o desenvolvimento desta subárea de pesquisa e para a compreensão do atual cenário político.
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Viktor Chagas (UFF, @uffoficial) e Michele Massuchin (UFPR, @ufpr_oficial).
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*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.