Por Vinícius H. Mallmann

Publicado originalmente em 08/11/2021

#AbreAspas | No último dia 31, no encontro do G20 na Itália, o grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo se viu obrigado a olhar para o bode que estava presente na sala, o Brasil. Assim como na fábula – em que a casa está uma bagunça, e a família, desunida –, o Brasil de Bolsonaro se tornou o bode do G20. As oportunidades para intensificar as boas relações com as principais nações do mundo, para firmar acordos e parcerias, para garantir cooperação, financiamento e investimentos, se perderam com a ausência da diplomacia brasileira e com a limitada aptidão do presidente Bolsonaro em dialogar.

O isolamento do Brasil ficou evidente não apenas pela imagem do presidente no canto da sala, longe das conversas e das rodas de negociações, mas também pela relutância em interagir, pelo baixo ativismo da diplomacia presidencial e pela inexistência de encontros e parcerias bilaterais. Não houve tentativas explícitas de melhorar a imagem do país, de contribuir para a resolução dos problemas globais (sanitários e climáticos, por exemplo), de sentar à mesa de negociações e assumir a posição que, mesmo desgastada, o Brasil mantinha. Não houve a preocupação de mostrar que o país estava disposto a assumir responsabilidades, dividir custos, construir pontes e fortalecer aquilo que será a chave para a retomada do desenvolvimento e do crescimento econômico (nacional e mundial): diálogo e cooperação.

O Grupo, que foi criado em 1999 para dirimir possíveis (futuras) crises mundiais, pareceu pouco incomodado com o baixo perfil demonstrado pelo Brasil, que sempre foi importante fomentador de diálogo e de propostas de solução dos problemas globais. Mesmo assim, o bode exalou seu cheiro, e os descontentes ficaram na esperança de sua saída para que a harmonia retornasse.

Foto: CAROFEI/FOTOGRAMMA / ZUMA PRESS / CONTACTOPHOTO (EUROPA PRESS) – Retirada do El País Brasil.

Vinicius H. Mallmann. Doutorando em Ciência Política (UFRGS, @ufrgsnoticias)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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