Por Mauricio Acuña

Publicado originalmente em 26/11/2021

#AbreAspas | Às vésperas do principal feriado dos Estados Unidos, um grupo supremacistas brancos que participou do encontro “Unite the Right” em 2017 foi condenado pela corte do distrito de Charlottesville, Virginia. Nada de Ação de Graças para os 17 homens que conspiraram para violar direitos civis e causar a violência que vitimou Heather Heyer e deixou dezenas de feridos.

O resultado é sumamente importante por várias razões, dentre elas, o fato de que nos Estados Unidos, a história da consolidação dos direitos civis passa necessariamente pelas cortes de justiça, como no célebre Brown vs. Board of Education, que determinou o fim da segregação racial. Já em Charlottesville, o encontro dos supremacistas brancos compõe o sombrio panorama de um tempo em que as instituições têm encontrado dificuldades para conter o avanço das formas mais brutais de extremismo. O evento foi convocado como protesto contra a retirada da estátua do general confederado Robert E. Lee e reuniu centenas de pessoas e diversas organizações, num desfile que poderia ser burlesco, não fossem macabros os objetivos de atentar contra os direitos do grande contingente de não-brancos existente em todas as regiões do país. Bandeiras dos confederados remodeladas oscilaram ao lado do símbolo do partido nazista e escudos foram erguidos com orgulho por defensores da Klu Klux Klan.

Num tempo de violência como o que vivemos, a decisão do júri, às vésperas do dia de Ação de Graças, é um bem vindo exemplo para fortalecer os direitos civis em uma sociedade fraturada pelo caldo de desigualdade econômica cozinhado em fogo alto pelo racismo sistêmico. E que mais pessoas sentadas ao redor de qualquer mesa ou monumento possam vir a confraternizar sem temer ameças, chacinas ou ataques e sem perder os sentidos de luta por justiça, jamais.

Foto: Evelyn Hockstein/Reuters.

Mauricio Acuña. Universidade de Virginia

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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