Por Céli Pinto

Publicado originalmente em 24/02/2022

#Eleições2022 | O termo tem sido usado, de modo geral, na mídia, como sinônimo de demagogia. Erroneamente. Populismo é uma forma de fazer política com 3 características fundamentais: a presença do povo, uma liderança e um dominante contra o qual se opor.

O populismo implica a inclusão de populações não reconhecidas (quem serão os denominados como tal depende na disputa política). Tais populações constituirão o povo como oposto ao sistema dominante pela adesão a uma liderança. Sem povo não há populismo. E o povo é uma construção política, libertadora ou não.

Em si, o populismo não é de esquerda ou direita, democrático ou autoritário. Extremismos são quase sempre sinônimos de propostas não democráticas, mas a experiência populista não tem essência não democrática. A incorporação de parcelas excluídas – mediante novos instrumentos de participação, ou pela garantia de participação em instituições tradicionais -, pode aprimorar a democracia.

Outra característica do populismo é a presença do líder, que incorpora em sua figura as demandas do povo. O líder se forja como a negação do dominante (acima referida como terceira característica), que pode ser o sistema capitalista, socialista, uma ditadura militar ou um sistema democrático estável. O “nós” e o “eles” não têm nome no populismo antes da sua prática e não implica, necessariamente, a eliminação do “eles” da cena política.

Em suma, nunca será encontrada uma experiência populista em estado puro, mas a prática política é impossível sem certo grau de populismo, maior ou menor, dependendo das condições históricas do momento.

O maior preconceito que pesa sobre o populismo está na centralidade do povo, que tem significado, desde os textos fundadores da democracia, uma ameaça cultivada pelas elites. Dai, tudo que lembra povo soar demagógico.

Céli Pinto. UFRGS (@ufrgsnoticias)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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