Por Karl Schurster

Publicado originalmente em 25/02/2022

#AbreAspas | O debate entre François Furet e Ernst Nolte, em 1996, tornou essa “querela” um debate da ordem do dia. Furet defendeu que o século XX foi marcado pelo surgimento de três “tiranias”: Lênin, Mussolini e Hitler. Analisando-os sob a luz da “imitação” e “hostilidade”, buscaram entender o “totalitarismo”, equivocadamente, como um “tipo-ideal”, capaz de explicar características em comum aos três movimentos, partidos e Estados.

Para eles, fascismo e nazismo foram respostas a “suposta” ameaça comunista e trariam em si o mesmo princípio “revolucionário” e “ditatorial” do comunismo.

O Nazismo foi construído sobre as bases de um “romantismo social” e não numa visão política concreta. Francisco Carlos Teixeira alertou que nem mesmo deve-se falar de ideologia quando falamos de nazismo, considerando que não estamos tratando de um corpo de ideias organizadas.

Há, uma clara confusão entre um princípio normativo do Terceiro Reich, a comunidade do povo, que não possuía os mesmos preceitos da ideia de comunidade no socialismo. No caso no nazismo, a comunidade do povo foi instituída com o intuito de gerar um sentimento de pertencimento e não como um pensamento racional estruturado. Ela foi um sentimento forjado que deu a boa parte dos alemães a sensação que nenhum regime político do país até então tinha conseguido.

Temos que recusar abordagens pobres como nazismo e comunismo são “filosofias coletivistas”. A “comunidade do povo” foi mais uma “comunidade imaginada”. O nazismo foi um fenômeno de radicalização do agir político progressivo. A forma mais dura e radical da transcendência do ser. Da transmutação para um indivíduo banal, burocrático, onde o ponto mais alto de sua natureza está na incapacidade de sentir ou mesmo reconhecer o outro.

Karl Schurster. Universidad de Vigo/UPE

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

Deixe um comentário