Por Renato Sérgio de Lima

Publicado originalmente em 18/06/2022

#AbreAspas | As mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados com requintes de crueldade na Amazônia, explicitam o elevado e brutal grau de domínio territorial exercido por grupos criminosos armados, como milícias e facções de base prisional no país.

O Estado perdeu o controle de faixas do seu território para o crime organizado e tem se omitido na regulação de armas, atividades econômicas e na fiscalização ambiental. O resultado é que a violência extrema faz parte do cotidiano de inúmeras comunidades vulneráveis na Amazônia e nas periferias das grandes cidades brasileiras.

E tudo isso não mais parece gerar indignação e mudança, tudo é justificado pelo medo de inimigos imaginários que paralisa e antagoniza.

Em uma mórbida coincidência, Dom e Bruno foram mortos na mesma semana que marcou 20 anos da morte do jornalista Tim Lopes, no alto de uma das comunidades do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Em ambos os casos, houve a tentativa de destruição e ocultação dos corpos.

A mensagem é clara: na ausência de justiça, desaparecimentos forçados e assassinatos são comuns a todos os que ousam desafiar o poder do crime. E não só, a mensagem serve para explicitar o custo que jornalistas e ativistas terão quando forem “malvistos”.

Enquanto isso, nossas Forças Armadas lutam contra moinhos de vento e urnas eletrônicas, na ideia de que as ameaças à soberania partem das instituições democráticas.

A violência extrema venceu?

Renato Sérgio de Lima. Presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Professor da FGV EAESP.

A ANPOCS convida especialistas para se pronunciarem em seu nome sobre o bárbaro assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips.

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