Por Nalayne Pinto

Publicado originalmente em 28/03/2023

AbreAspas | A escola é um espaço onde crianças e adolescentes passam grande parte das suas vidas; por conseguinte, situações de conflitos e violências são cotidianamente vivenciados nesse ambiente. O evento que ocorreu ontem (27/03/2023), onde um adolescente de 13 anos matou uma professora e deixou mais 3 feridos, já ocorreu em outros momentos como em Suzano em 2019 e Realengo 2011, e acende um alerta sobre o que vem acontecendo dentro dos muros das escolas.

A interação no ambiente escolar é fundamental na socialização, mas é também marcada por processos de acusação sistemática, violência física e psicológica e conflitos interpessoais. Nas pesquisas que realizo em escolas os casos de intimidação mais comuns são aqueles envolvendo racismo, intolerância religiosa, gordofobia, lgbtfobia, capacitismo, discriminação de classe e de local de moradia. As “zoações”, como eles chamam, podem se tornar casos mais graves de violências e sofrimento emocional. Mais recentemente tenho observado situações onde os jovens usam as redes sociais para “explanar” fofocas e notícias falsas sobre colegas e professores, o que tem produzindo efeitos preocupantes.

Não precisamos “resolver” esse problema com mais “segurança” nas escolas, mas com uma educação em direitos humanos. Importa construir um espaço de diálogo e escuta que não seja adultocêntrico mas valorize a fala dos jovens e suas vivências. Não podemos retornar de uma pandemia e achar que tudo pode voltar a ser como antes. É preciso políticas educacionais que atentem para a necessidade de atendimento psicológico e emocional nas escolas além de uma educação que valorize o respeito, tolerância, diversidade e cultura de paz; fomentando metodologias de diálogo e mediação de conflitos.

Nalayne Pinto (@nalaynepinto). DCS-PPGCS/ UFRRJ e INCT/ INEAC

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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