Por Olívia Cristina Perez

Publicado originalmente em 27/04/2023

#UmaDécada | Em meados de Junho de 2013 milhares de brasileiros foram às ruas com pautas diversas, permeadas por críticas ao sistema político. Estavam presentes nas jornadas e se multiplicaram depois delas organizações do tipo coletivos, que se colocam como mais horizontais e fluidas. Consideramos que os coletivos formados por jovens que participaram de Junho de 2013 e nos protestos posteriores têm importantes ensinamentos sobre o aprimoramento da democracia brasileira.

Para esses jovens, se organizar em coletivos é uma forma de se distanciar e resolver os problemas apontados nas organizações políticas consideradas tradicionais. As instituições políticas tradicionais, em especial os partidos e o Parlamento, seriam ineficientes porque pouco inclusivos. Para solucionar esses problemas, os jovens organizados em coletivos propõem que as instituições políticas sejam mais inclusivas em ao menos dois sentidos.

Em primeiro lugar, a inclusão deve acontecer com a atuação em prol dos grupos com mais dificuldade de acesso a direitos, tais como mulheres, negros/as, população LGBTQI+, jovens e moradores de periferias – a maior parte da população brasileira. Em segundo lugar, os coletivos consideram que essa população deve estar presente nas decisões importantes. Para esses jovens, o Estado não deveria decidir sobre a vida de determinados grupos sem a participação deles.

Ampliando a concepção de inclusão, os coletivos defendem que os grupos alijados do campo dos direitos devem ter a possibilidade de decidir sobre suas próprias vidas e em todas as organizações, inclusive nos coletivos dos quais fazem parte.

Quem conseguir, de fato, essa inclusão e mudanças na forma como as decisões são tomadas, estará em sintonia com o espírito do tempo – mais coletivo depois de Junho de 2013.

Olívia Cristina Perez. UFPI

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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