Por Wescrey Portes
Publicado originalmente em 22/05/2023
#AbreAspas | Neste final de semana (21/05), em jogo valido pela La Liga (Campeonato Espanhol), mais uma vez Vinicius Jr. foi vítima de racismo. O jogo entre Valência x Real Madrid ocorria no Estádio de Mestalla, quando parte significativa dos torcedores do Valência gritaram em alto e bom tom: “Mono, mono, mono”.
Os insultos racistas geraram uma indignação do jogador brasileiro, que foi expulso do jogo após reagir a um “mata leão” aplicado por um jogador do Valência enquanto acontecia uma confusão entre os jogadores. Ou seja, após ser vitima de racismo, ele foi expulso e punido por reagir com indignação aos insultos.
Desde de 2021, o atleta foi vítima de racismo pelo menos 10 vezes e nenhuma atitude significativa foi tomada por parte dos dirigentes da La Liga, dos Clubes, da mídia e das autoridades espanholas.
Pelo contrário, as reações mais contundentes vão sentido de culpabilizar a vítima e sua suposta má conduta dentro e fora campo, como ocorreu no episódio das dancinhas nas comemorações de gols – marca do jogador e da nossa cultura.
Há quem fale na força, na resiliência ou na capacidade mental de Vinicius Jr. ao lidar com os recorrentes casos de racismo. Hoje, ele é uns dos melhores jogadores do mundo e com apenas 22 anos conquistou todos os títulos possíveis com a camisa do Real Madrid. Eu questiono, até quando? O futebol é tido como o esporte mais popular e supostamente democrático do mundo, palco de encontros de diversas culturas e povos, mas convive historicamente de modo harmônico com o racismo nos estádios do mundo inteiro. Inclusive aqui no Brasil.
A novidade talvez, seja que jogadores estão cada vez mais se levantando e não aceitando mais ouvir insultos racistas e xenófobos, especialmente aqueles que acontecem dentro dos estádios. O futebol espanhol se encontra na encruzilhada, e precisa escolher de qual lado ficará: de Vinicius Jr. ou dos racistas.
Wescrey Portes. IESP/UERJ
*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.