Por Leila Salvini

Publicado originalmente em 08/08/2023

#AbreAspas | Olhar para o esporte é como olhar para um espelho da sociedade em que vivemos. E ele mostra sem ressalvas todos os vincos estampados na história e no caminhar de cada modalidade, o quanto há liberações para algumas práticas e resistências para outras. Não estou falando de coisas que dizem respeito ao desgaste físico, nem de exigências por um preparo mental e fisiológico específico, mas de uma luta por reposicionamento, ou melhor, reconhecimento social. E nesse aspecto é emblemático o futebol de mulheres ou, como é mais conhecido, o futebol feminino.

É reconfortante ver que após tantos anos de proibições que resultaram em limitações, hoje temos a possibilidade de ver no futebol feminino a representatividade que há tempos esperávamos. Temos agora um olhar respeitoso por todo o processo e suas necessidades de investimento, de equipe técnica, de visibilidade, de valorização humana e profissional.

Há finalmente a possibilidade de recrutarmos mulheres que entram em campo sabendo que nesta modalidade há agora espaço – físico e simbólico – para desenvolverem suas habilidades de jogo. E para isso concorreram todas as mulheres atletas que vieram antes, que abriram espaços por meio de muita qualidade técnica, humana e de resiliência e que nos ensinaram que, mais do que jogar com a bola nos pés, é imperioso ler as entrelinhas, conhecer as estratégias sociais para se estabelecer, se reposicionar e lutar socialmente para ter espaço para realização de si e de gerações futuras.

Leila Salvini. Centro de Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade (CEPELS) – UFPR

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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