Por Rodrigo Czajka

Publicado originalmente em 04/05/2021

#ANPOCSMúsica | Há algum tempo, falar de jazz tem sido mais que se referir apenas à manifestação musical, aquela produzida sobretudo em solo norte-americano. As cicatrizes sonoras deixadas por esse gênero musical antecedem à circulação de bens culturais que hoje dispomos a nosso alcance, como os álbuns, os festivais, os documentários e demais produtos que fizeram do jazz uma importante expressão cultural da modernidade.

Para além da reestruturação dos campos harmônico, melódico e rítmico da canção popular, compositores e compositoras, intérpretes e instrumentistas apropriaram-se criativamente do repertório tradicional, do cancioneiro e dos elementos da cultura negra, bem como de seu legado político de resistência. Logo, o jazz deixou de ser apenas um tipo de música e se converteu em expressão cultural e política de luta pela igualdade e contra a segregação racial.

Partindo desses aspectos é que no último dia 30 de abril comemorou-se o Dia Internacional do Jazz. Instituído pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 30 de abril de 2011, o International Jazz Day, visa “reunir gente em todo o mundo para celebrar o jazz com o propósito de promover o entendimento entre os povos e reforçar os valores de cooperação e solidariedade internacionais.

É uma forma de buscar o diálogo, o respeito à diversidade e aos direitos de todos os seres humanos”, conforme frisou o pianista Herbie Hancock, proclamado embaixador do jazz, em 2011. A efeméride marca não apenas a celebração da música e dos seus aspectos mais universais, traduzidos pelo extenso repertório popular, mas repõe a história das lutas sociais e políticas dentro e fora do Estados Unidos, e que fizeram do jazz uma das mais significativas expressões de resistência cultural no século XX.

Foto: Silvio Ricardo Fernandes (Músico: Eric Allen)

Rodrigo Czajka. Universidade Federal do Paraná (@ufpr_oficial)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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