Por Maria do Socorro Braga

Publicado originalmente em 06/12/2021

#AbreAspas | Após dois anos sem vínculo partidário, o presidente decidiu filiar-se ao Partido Liberal (PL). O que dizer dessa escolha de Bolsonaro?

Primeiro, ele demonstrou coerência com sua trajetória política, construída em siglas oriundas de um campo da direita brasileira marcadamente conservador, cristão, pró-mercado, anticomunista e militarista.

Segundo, trata-se de aliança entre dois caciques políticos muito próximos em termos de seus interesses e de práticas políticas de longa data. Costa Neto, tido como “dono do PL”, poderá acomodar aliados da base ideológica do bolsonarismo, bem como ceder espaços nos estados para que o presidente indique candidatos aos demais cargos.

Terceiro, o PL está em condições de garantir a Bolsonaro mais estrutura nos estados, tempo de TV e recursos financeiros para a sua campanha à reeleição do que o PSL em sua primeira disputa presidencial. O PL conta com 43 deputados e quatro senadores. Durante a chamada “janela partidária” (migração parlamentar de partidos que ocorre entre março/abril do próximo ano), a sigla poderá receber mais 25 deputados.

Ainda na esfera governamental nacional, o PL conta com uma ministra, a secretária de Governo, podendo ter mais cinco ministros até março de 2022 (Infraestrutura, Trabalho e Previdência, Turismo, Saúde e Desenvolvimento Regional). Contudo, sua capilaridade pelo território nacional é limitada em razão do baixo número de quadros políticos eleitos em 2018 para a esfera estadual e, em 2020, para a municipal.

Em termos de recursos financeiros, de acordo com TSE, o PL recebe R$ 4,061 milhões por mês do fundo partidário em 2021, totalizando R$ 48,737 milhões no ano. O valor do fundo eleitoral ainda não está definido para o próximo pleito, mas estima-se que o PL teria direito a R$ 117.621.670,45.

Maria do Socorro Sousa Braga. UFSCar (@ufscaroficial)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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