Por Raquel Giffoni e Maíra Mansur

Publicado originalmente em 19/01/2022

#AbreAspas | Dia 25 de janeiro completam-se três anos do rompimento da barragem B1 da Vale S.A em Brumadinho, Minas Gerais. Três anos depois, 272 mortes (6 pessoas não encontradas e duas gestações interrompidas), diversas violações de direitos humanos e ambientais ao longo da bacia do rio Paraopeba, a Vale S.A. registrou um lucro de US$ 7,586 bilhões no 2T de 2021. Dois anos após a tragédia, ela dobrou o seu valor de mercado, passando de R$ 296 bilhões, antes do desastre, para R$ 474 bilhões em 20/01/2021.

O cenário não é diferente na bacia do Rio Doce, onde seis anos atrás, em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão da Samarco, também operada pela Vale S.A e pela Anglo Australiana BHP, rompeu contabilizando 20 mortes (com uma gestação interrompida), milhares de pessoas atingidas e nenhum dos reassentamentos finalizados. A reparação integral dos danos parece cada vez mais distante, uma vez que o próprio processo de reparação vem sendo conduzido com a participação ativa das rés. As chuvas do início de 2022 tornaram a situação ainda mais dramática.

Atualmente o setor extrativo, incluindo petróleo e gás, responde por cerca de 4% do PIB sendo a mineração responsável por apenas 0,64% desse valor. Esses números colocam em dúvida a tão falada contribuição desta atividade para a economia nacional e nos fazem questionar: a quem serve o atual modelo minerário?

Enquanto as violações são cometidas, a Vale e outras mineradoras, ainda se beneficiam por processos de licenciamento ambiental protocolares e automonitoramento de suas infraestruturas de rejeitos. O Novo Código da Mineração, caso seja aprovado, agravará a discricionaridade destas empresas nos territórios.

Enquanto prosseguir a impunidade e a desreponsabilização das mineradoras, outros desastres acontecerão.

Foto: @mreznde.

Raquel Giffoni e Maíra Mansur. Grupo de Pesquisa PoEMAS – UFJS (PoEMAS/@ufjf)

*Este post não representa necessariamente a posição da ANPOCS.

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